HOMEM — ESPÍRITO
VIDE: SPIRITUS; PNEUMA; SOPRO; KI; PRANA; PSYCHE; ALMA; SOMA; CORPO
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Agostinho de Hipona: De fide et symbolo, 10
São as três partes de que consta o homem: espírito, alma e corpo, que por outro lado se dizem duas, porque com frequência se denomina a alma juntamente com o espírito; pois aquela parte do mesmo racional, de que os brutos carecem, chama-se espírito; o principal de nós é o espírito; em segundo lugar, a vida pela qual estamos unidos ao corpo se chama alma; finalmente, o corpo mesmo, por ser visível, é o último de nós.
Ananda Coomaraswamy: PNEUMATOLOGIA
Filosofia
Excertos de “Les Notions philosophiques”. PUF, 1990
A variedade das equivalências e traduções deixa adivinhar que este termo sempre esteve suscetível de ser utilizado lato sensu em situações onde, além de sua acepção própria, ele se encarrega de resumir aquelas de vários outros termos aos quais a tradição (mas necessariamente a língua) o aparentou. É essencialmente como termo de uma oposição que ele desempenha este papel recapitulativo. No curso dos três séculos de evolução da filosofia “moderna” (depois de Descartes), observa-se uma forte tendência para este uso onde o “espírito” resume o conjunto de traços característicos de atividades que “escapam” (ou se opõem) aos processos físicos (materiais ou corporais). Sob uma aparência superficial de riqueza, a situação assim produzida testemunha de um enfraquecimento da noção, quando ela se afirma ou se mantém, ou de uma erosão dos domínios aos quais pretendem-se que ela organize ainda o sentido. Contrariamente ao que se poderia esperar, são autores que se consideram “materialistas” (ou fisicalistas), pelo menos no sentido que recusam acordar o estatuto de realidade substancial ao que não é corporal, que opõem as mais vivas resistências a que o espírito seja visualizado como um sistema formal de operações conformes a regras. Mutatis mutandis, se pode considerá-los como os herdeiros destas correntes que, na Antiguidade, se opuseram à redução platônica das faculdades espirituais à recepção de relações inteligíveis (quer dizer matemáticas, no sentido de mathesis).