Evola Corpo Imortal

Julius Evola — Escritos em Ur & Krur

A Doutrina do “corpo imortal”
A doutrina do “corpo imortal” é aqui resumida do ensaio de Evola, na tradução francesa do volume Ur & Krur 1927 (em construção)

Ao ensinamento tradicional concernente à imortalidade corresponde a doutrina do “triplo corpo”, ou simplesmente, do corpo imortal.

“Corpo” designa aqui de modo analógico às novas formas de consciencia e de ação que o Eu pode fazer suas, em virtude de possibilidade, que vão além do comum dos mortais. De modo que esta doutrina só é verdadeira para uma aristocracia restrita àqueles que são iniciados. O homem ordinário não teria nem três, nem sete, nem nove corpos, nem quanto se possam imaginar; para este homem só existe o estado humano de consciencia condicionado por sua relação recíproca com o organismo físico, e isto é tudo.

Se o homem pode ver, apalpar, descrever este organismo, se experimenta sensações e reações por meio dele, de fato, dele nada conhece. Assim como lhe escapa o poder que comanda seus brações ou faz bater seu coração. O corpo para ele é um desconhecido, uma entidade misteriosa, com a qual, misteriosamente também, se se desperta e à qual está associado.

Mas quem, ao contrário, encontrar a via par resolver este mistério graças à luz e à potencia do Eu — este alcançará o “conhecimento” dos diferentes corpos pelo ocultismo. Os quais, não são outros corpos mas melhor dizendo outros modos de vida para aquilo que se entende comumente por “corpo”.

A vida depois da morte tem por condição o alcance da capacidade de manter a consciência, uma vez esta privada do apoio do corpo físico. Aquele que alcanço este auge está, virtualmente, “fora das águas” e o fato que a unidade do organismo físico se desfaça não tem maior importancia para ele — a este respeito, evoca-se a possibilidade de “partir para não mais retornar”. A afirmação da existencia (ego sum) é ressentida como um entrave, como a negação do ser. Esta via consiste então em se desfazer de todos os determinismos, reais e possíveis, de despossessão em despossessão, de desnudamento até — uma vez caído o envelope por uma integração absoluta à ipseidade — o “sum” se dissolve e se resolve no “é”. Aqui estamos no topo da “Identidade suprema”, da “fixação” dos Upanixades, do nirvana budista, do “Uno” plotiniano: “Vasio como um vaso no céu — pleno como um vaso no oceano”, se diz no Hatha yoga.



Julius Evola