Evola Sankharas

Julius Evola — A DOUTRINA DO DESPERTAR

SANKHARAS
Na série em cadeia, os sankharas sucedem ao avijja. Este termo, ele também, foi diversamente interpretado. Literalmente, sankhara significa «formar» ou «preparar com vistas a uma dada meta». Em outros termos, trata-se do estado no qual o movimento potencial, próprio ao primeiro nidada, já assume uma certa direção, escolhe a via que seguirá seu desenvolvimento ulterior. Traduzir sankhara por «distinções» (Neumann) logo é exato, sob um certo aspecto, visto que não se pode escolher uma direção sem a delimitar a princípio, e logo distingui-la entre outras possíveis. Todavia, convém também ter presente ao espírito o fator volitivo e ativo (sankhara enquanto kamma cetana) e o fator «concepcional». A este respeito, E. Burnouf já tinha lembrado a exegese, segundo a qual sankhara é «paixão que compreende o desejo, a aversão, o medo e a alegria», não sem notar que «desejo» e «paixão» são, aqui, conceitos muito restritos. Em um comentário, citado por Hodgson, pode-se ler: «A crença do princípio sensível incorporal na realidade do que é somente uma miragem, é acompanhada de um desejo por esta miragem e da convicção de seu valor e de sua realidade: este desejo se chama sankhara». Ao que Burnouf adiciona: «Os sankharas são coisas que fingit animus, quer dizer que o espírito criado, faz, imagina (sankaroti); são, em uma palavra, os produtos da faculdade que tem de conceber, de imaginar». É em tais termos que começa a se concretizar o objeto da «mania» e a se definir uma corrente determinada — santana — na descida para a existência samsarica. Os sankaras podem se referir ao kamma (scr. karma) segundo um duplo sentido: na concatenação verbal, em tomando kamma com a significação geral de ação e de princípio geral da diferença dos seres; e na concatenação samsarica, temporal, horizontal, nisto considerando, ao contrário, as raízes do caráter, as predisposições, as tendências inatas, assim como as tendências novas que se desenvolvem e que, estando estabelecidas e incorporadas no tronco da concupiscência, passam de um ser a um ser, de um estado de existência a um estado de existência. Neste segundo sentido, veremos que os sankaras são considerados como um dos cinco troncos constitutivos da personalidade. Mas, em última instância, a raiz última destes sankaras particulares sobre o plano condicionado — samsarico — reconduz, em cada um, aos sankharas, constituem o segundo nidana da série vertical.



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