Pierre Gordon: A IMAGEM DO MUNDO NA ANTIGUIDADE
Como seu nome indica (Medusa = que cuida de), ela encarnava, entre as três Górgonas, a Mãe Divina. É sua cabeça que o neófito cortava para se tornar um perfeito iniciado: neste sentido ela era mortal, enquanto suas duas «irmãs» — primitivamente suas «filhas» — escapavam da morte. Quando Perseus a decapitou, seu sangue deu nascimento ao cavalo Pégaso e a Crisaor, o homem da espada de ouro. Crisaor engendrou o monstro Gerião das três cabeças, em seguida um outro «monstro irresistível», a «divina Equidna da alma voadora» que nasceu «no buraco de uma gruta»; esta Equidna tem «por metade o corpo de uma jovem mulher de bela rosto e olhos que brilham, por metade o corpo de uma enorme serpente, terrível tanto quanto grande, malhada, cruel, que esconde-se nas profundezas secretas da terra divina. É aí que ela também tem sua gruta, em baixo sob um rochedo oco, longe dos deuses imortais e dos homens mortais; aí está a ilustre morada que lhe concederam os deuses». — A descendência desta mulher-dragão é a seguinte: logo Orthos, o cão de Gerião, — depois Cérbero, o cão de Hades, — em seguida a Hidra de Lerna, — e a Quimera «tão terrível quanto grande, rápida e possante, que possui três cabeças, uma de leão de olho ardente, outra de cabra, a outra de serpente»; — posteriormente, ela deu à luz «Phix a perniciosa», ou seja, o monstro do monte Phikion na Beócia, monstro que se tornou a Esfinge de Tebas. — O Leão de Nemeia foi o último de seus filhos.