O mestre disse a Pei Sieou:
Todos os Budas e todos os seres viventes não são outros senão a mente una [esprit un]: não há outro método espiritual.
Desde os tempos sem princípio, esta mente, jamais veio à existência, nem jamais cessou de existir; nem azul nem amarelo, sem forma nem aspecto, não se destaca nem do ser nem do não-ser, nem do antigo nem do novo; não é nem longo nem curto, nem grande nem pequeno, além de toda delimitação ou denominação, além de toda possibilidade de ser percebido ou considerado como um objeto: Ei-lo, realidade em si. Mas à primeira consideração, divaga-se… Ilimitado e insondável, se diria o espaço vazio.
Assim, esta mente una é o Buda, e entre o Buda e os seres viventes, não há diferença. No entanto, os seres viventes buscam sempre alhures em se apegando a caracteres particulares, e em buscando, vêm a tudo perder, pois em remetendo sua ideia do Buda à busca do Buda e sua mente à busca da mente, mesmo a corpos perdidos durante kalpas, não podem alcançar nada. Ignoram que o Buda aparece espontaneamente àquele que para de evocá-lo em se desprendendo do processo do pensamento.
Esta mente, logo, é o Buda e o Buda, é a totalidade dos seres viventes. Quando é «ser vivente», esta mente não é em nada diminuído e quando é «Buda», em nada acrescido, tanto que as seis transcendências e a infinidade das prática, assim como méritos tão numerosos quanto os grãos de areia do Ganges, aí se encontram fundamentalmente reunidos por inteiro, sem que um exercício temporário aí os tenha ajuntado. Quando a ocasião se apresenta, se exprimem, senão, restam tranquilos.
Se não crês firmemente que esta mente é o Buda e se quereis praticar em vos apegando a caracteres particulares para obter méritos, sois o objeto de um total mal-entendido e vos afastais da Via.