SIMBOLISMO — Artes Plásticas — JERÔNIMO BOSCH (1450-1516)
Excertos traduzidos do livro de Ernst Merten, “HIERONYMUS BOSCH”
Desde o momento que a história da arte se ocupou de Jerônimo Bosch, só fez levantar contestações e polêmicas violentas. Posto que não se possui senão escassas informações sobre sua vida, é necessário se debruçar sobre suas obras. Mesmo assim a dificuldade ainda persiste pois ele as assinava raramente, deixando a questão de saber para quem ele as executava bastante problemática. É portanto bem normal que toda esta vaguidão e estas lacunas propiciem divergências.
Na crônica da cidade de s’Hertogenbosch, pode-se ler com certeza que no ano de 1399 um mercador de peles de nome Jn van Aken tinha aí obtido o direito de cidadania. O nome “Aken” deixaria pressentir que se tratava de uma pessoa proveniente da cidade alemã de Aachen (Aix la Chapelle). Os registros comunais revelam igualmente a morte em 1454 de um pintor chamado Jan van Akoen, pai de cinco filhos dos quais um, Anthonis van Aken, estava igualmente inscrito como pintor: existe m sérias razões para crer que foi o pai de Jerônimo. Este teria preferido tomar o nome de Bosch, derivado de sua cidade natal s’Hertogenbosch, para evitar ser confundido com os numerosos membros de sua família que exerciam a profissão de pintor, entre os quais vários irmãos de seu pai. A data de nascimento de Jerônimo se situaria portanto entre 1450 e 1452 sem excluir outras datas. Em 1478, casou com Aleyt van de Meervene, nascida em 1453 e filha de um rico patrício mas esta data é sujeita a cuidados. “A única coisa certa a este respeito é que dele se fala como homem casado em 1480 e que em 1484, graças a sua mulher, pode adquirir perto de Oirschot uma propriedade pertencendo ao Ducado de Brabant e submetida ao direito feodal. Entre 1486 e 1487, assinala-se a admissão de Jerônimo Bosch na confraria de Notre Dame, ligada à comunidade paroquial da grande catedral de São João. Esta confraria consagrada ao culto da Virgem cobria igualmente atividades religiosas e caritativas em outras paróquias ao redor. O nome de Jerônimo Bosch assim como aquele de sua esposa surgem frequentemente nos registros desta confraria: por exemplo em 1488 onde é tomado entre os membros de elite encarregados de dirigir a confraria: ele então era muito considerado. À parte estas poucas datas, é tudo o que se conhece sobre as origens deste grande pintor. Em 1487/88, convém também notar o registro administrativo de Bosch como mestre franco da guilda dos pintores, o que prova a situação invejável que tinha adquirido em sua profissão. Tinha então instalada sua casa na praça do mercado de s’Hertogenbosch, assim como seu atelier. A primeira comanda honorífica que recebeu data de 1489 e consistia em pintar as alas do altar principal para a capela São João, uma obra que infelizmente não chegou até nós.
Uma outra data deve igualmente ser retida que, mesmo se não está ligada à vida de Jerônimo Bosch, exerceu certamente uma influência direta sobre sua obra. Em 1496, o judeu Jacob de Almaengien foi admitido na religião cristã por seu batismo em s’Hertogenbosch em presença de Felipe o Belo. Na literatura sobre Bosch, e especialmente em Wilhelm Fraenger, assinala-se este Jacob Almaengien como membro durante um certo tempo da confraria de Notre Dame. Era supostamente Grande Mestre dos “Irmãos do Espírito Livre”. Esta confraria comandou a Bosch vários altares cujo conteúdo das imagens e a execução nos parecem sempre tão enigmáticas. Almaengien, que nos legou uma importante obra literária, retornou mais tarde à religião judaica.