Não-Dualidade — KARL RENZ
Não me arrisco a apresentar Karl Renz, qualquer busca no Google fornecerá inúmeras páginas sobre ele (como esta p. ex. Spiritual Teachers), inclusive vários vídeos (YouTube) e áudios (Internet Archive) de seus encontros em diferentes países.
Extrato do início do livro BLISSTEARS
P: Existe algo chamado como pre-sense?1)
K: Sim. Isso que é [EU SOU], o pre-sense. Que o que nunca pode ser sentido é o pre-sense.
Q: Soa como uma contradição …
K: Não. Não é uma contradição. Que o que nunca pode ser sentido é o que você é porque você nunca pode sentir o que você é, o que você pode sentir não é o que você é … é apenas uma sensação. Pre-sense significa antes da presença. A presença que você pode sentir, a ausência que você pode sentir. Ausência é a sensação de ausência de sensação, por isso mesmo a ausência não é isso. Portanto, o pre-sense não é nem a ausência nem a presença, porque ambos podem ser percebidos. Mas o que está sentindo o pre-sense nunca pode ser sentido. Claro?
P: Até agora …
K: Eu tento tornar isso muito fácil e não tão complicado que a princípio há Consciência [Awareness], depois consciência [consciousness] e depois há todos esses passos. Não, é muito simples. O “eu” não pode ver o “eu”, a faca não pode cortar a faca. A natureza não pode conhecer a natureza e a natureza que você pode conhecer não é a natureza da natureza. A natureza não conhece nenhuma natureza e o que conhece a natureza é a mente. Então, não importa.
No sono profundo não há sensação e você ainda existe. Isso é chamado de pre-sense. Sem nenhuma sensação ou não-sensação você existe. Seu Ser Absoluto nunca precisa de nenhuma experiência sensacional de ser ou não ser para ser o que é, isso é tudo. E apenas conhecer a si mesmo como aquilo que não precisa se conhecer para ser o que é, é conhecimento. O resto é ignorância. E você não pode se aproximar disso. Não há ponte para isso. Não há nada para atravessar. Você nunca pode estar ciente o suficiente para ser isso. Você nunca deixou, então você não pode ir para casa. De jeito nenhum — isso é Buda — não há caminho para casa.
Esse é o problema mesmo. Você nunca deixou o que você é, mas tentando voltar você vive uma vida imaginária … uma ideia imaginária que, por vários passos, você se torna aquilo que você é. Com isso, você se torna um objeto de tempo porque só no tempo há mais e mais distância. Então o que fazer?
Não há como traduzir para português o jogo de palavras: presence — pre-sense — pré-senso(? ↩