(39:44)
Q: Como se sente que há ausência?
K: Ausência é o fluxo. A ausência de “eu”, de sofrimento, de dor.
Q: Como o “eu” retorna? Se há ausência…
K: Porque isso que é o-que-és quer ficar na ausência porque é seu favorito. Mas sempre haverá durações de ausência temporária e então depois que não podes segurar mais queres tê-la para sempre.
Q: Quem quer tê-la?
K: Tu! Consciência, quem mais? Consciência tem seu favorito: a ausência de consciência. Mas do momento que consciência quer permanecer nesta ausência de consciência então é de novo presença.
Q: É uma contradição!
K: Não, é uma estupidez da consciência. Isto é tudo!
Q: Se é uma ausência de consciência como a consciência quer permanecer na ausência?
K: É mágico, pois ambos têm que estar aí. Ambos não se foram. Na ausência, a presença não se foi. Só há deslocamento arbitrariamente entre elas. A consciência não pode decidir se é presença ou ausência. Ambas estão aí. É como um par de sapatos. É como bom e mau. É como dia e noite. Nesta polaridade é que te realizas a ti mesmo. E por vezes por qualquer razão vais para o lado da ausência e então vais de novo para o lado da presença. Mas ninguém pode decidir, quando acontece já aconteceu. Queres fazer algo ser permanente, ambos são permanentes, mas não podes ser permanentemente uma delas. Só podes te experienciar a ti mesmo em ambas. Mas certamente tua preferência será a ausência, pois é o céu. E a presença é o inferno. Mas tens que experienciar a ti mesmo em ambos.
Q: Eu experiencio a mim mesmo em ausência que é céu, mas quem é este que experiencia a si mesmo em ausência se há ausência?
K: O que chamas quem é o Vidente Absoluto, Deus ele mesmo experienciando a Si mesmo na ausência de Deus, e então na presença de Deus. Na presença de Deus, há dois Deuses. Na ausência de Deus não há nenhum Deus. Logo nenhum Deus é melhor que a presença de dois Deuses. Separação não é tão boa quanto a ausência de separação. A ausência de separação significa Deus em seu conforto favorito. Mas então porque há conforto, há desconforto, ambos vêm juntos. Não podes experienciar conforto sem seu oposto, desconforto. Sempre tens 50-50. Mas qual o problema?
Q: Nenhum problema. Há contradição em dizer ausência de consciência e então consciência querendo permanecer aí, mas consciência não está aí.
K: Não, consciência não quer estar aí, o querer acontece aleatoriamente. Não como querer desde um querer querendo. O querer acontece. A tendência acontece de novo para permanecer, e então a tendência te trás para fora da ausência. Ping-pong. Não é como se houvesse um que crê que é e decide o que quer. Assim fazes da consciência um objeto relativo, que quer algo. É um desamparo total da consciência. Só acontece! Shit happens!
Q: Então ausência e presença são partes da consciência?
K: Não são partes dela, são somente dois modos diferentes de realizar ela mesma. Não são diferentes da consciência. Duas maneiras de sonhar ti mesmo. Uma não pode estar aí sozinha, se uma está a outra também está. Como se a forma está aí, então a não-forma, vazio, está aí. Forma e sem-forma estão aí. Nenhuma saída! A forma significa presença, e presença é experiência de separação, mas a experiência de separação não te separa e a experiência de unidade não te faz uno. São só duas maneiras diferentes de realizar o-que-és. E ambas são mentiras. Pois o conforto não está nem no conforto nem no desconforto. O conforto é o-que-és. Isso nunca perdestes. Assim não ganhas conforto experienciando conforto e não o perdes em desconforto. O “eu” tem preferência de conforto ao invés de desconforto, mas isto não podes evitar, pois isto é chamado amor. Sempre queres ter um boa experiência com tua amada. Queres ter um experiência de unidade com tua amada e não a experiência de separação. Queres ser da maneira mais profunda em ti mesmo em unidade, mas não em separação. Assim o amor opera em toda parte.