“Split-second” não é no tempo. O intervalo (gap) é no tempo. O intervalo é tempo e o que não é intervalo é tempo. Ambos são tempo. “Split-second” é ser-o-que-não-podes-não-ser, e nisso separa (split) a ideia de segundo, de dualidade. “Split-second” não é sobre ter um não-tempo ou algo parecido. Não é sobre o tempo. Não pode ser no tempo. Todos se equivocam. Todos querem ter um “split-second”. A única maneira de destruir a dualidade é ser-o-que-não-podes-não-ser, mas não em nenhum segundo. Onda há um segundo, há dois. O que quer que aconteça no segundo há separação. Mas em “splitting the second” todas as ideias do que és ou não és se resumem a ser-isso-que-és. E nada além disso pode “split the idea of a second”. Split-second é destruir todas as ideias do que és e do que não és. Isto é splitting the second. É preciso primeiro que venha o pensador. O pensador pensa, para que o segundo possa vir, mas o pensador já o segundo. E ser-o-que-és é além, ou antes, ou apesar, deste primeiro pensador. E isto é splitting tudo. Destruir todas as ideias. Tudo que pode ser destruído é destruído de pronto, simplesmente por ser-o-que-és. Não há segundo, somente por ser-o-que-és-sem-segundo. Portanto, não pode ser feito, em absoluto.
Q: É como manter-se em quietude?
K: Não, manter-se em quietude é um demais que se mantém em quietude. Não é manter-se em quietude, mas ser quietude. Ser-isso-que-é-quietude. Mas não se fazer quietude.
Q: É um acontecimento?
K: Não, não é um acontecimento!
Q: É quando os pensamentos surgem não tocá-los?
K: Isto é demais. Tocá-los ou não tocá-los ainda é um demais que não os está tocando. É tarde demais.
Q: Então nada pode ser feito.
K: Nada. Não é parte do afazer do fantasma. Ninguém pode fazer nada. Ninguém jamais fez. Mas toda noite vais para o teu estado natural que é sem segundo. E agora mesmo és Isso. Mas tua atenção vai para que? Sombras evanescentes. Mas o que fazer? Apaixonas-te de novo, e de novo, e de novo.