Upanixades — Kena Upanixade
É através de uma série de perguntas que o Kena Upanixade tenta estabelecer a Causa que gera as mais variadas funções do universo, da natureza externa e interna do homem, a origem e as funções do homem e do universo, dos sentidos e dos elementos naturais, o sopro da vida, a realidade da existência e o erguer da Razão — pois tudo isso são frações da Alma Universal1 cuja supremacia é estabelecida de sentido em sentido, tanto no mundo exterior como no interior. Só o néscio faz afirmações categóricas julgando-se muito sábio com a sua bagagem negligível de sabedoria, enquanto que o sábio hesita sempre e deixa uma margem à dúvida, pois: “Se julgais que tendes apreendido Isso (Brahman), muito pouco, na verdade, conheceis da forma de Brahman. Daquilo que és tu e Daquilo que faz parte dos deuses, terás de raciocinar. Julgo que isso é já sabido. Julgo que não sei bastante de Brahman, e, no entanto, sei que Brahman não ME é desconhecido”.
Retirado da tese de doutorado de Selma de Vieira Velho
Excertos e comentários:
ATMAN
“Quem impede o erguer da razão? Quem ordena a formação do primeiro sopro? Por cuja superior vontade é que os homens falam? Qual é o deus que decretou as funções da vista e da audição?
“Aquele que é a audição dos ouvidos, o pensamento do do cérebro, a voz da fala, como é também o sopro da vida e a vista dos olhos. Os sábios, libertos de todas essas cadeias, passam para além deste mundo, e tomam-se imortais. Ali, os olhos não veem, a fala torna-se nula, e a mente torna-se também inerte. Não podemos, nem sabemos explicar isso, porque é diferente de tudo quanto é conhecido, e vai para além de tudo o que é desconhecido. É desse modo que nos falaram e ensinaram os anciãos.
“Aquilo que é inexpressível em palavras, aquilo que se expressa em palavras. Aquilo, aprendei, é Brahman, o Absoluto, e, não o que os homens seguem. Aquilo que raciocina pela não — Razão, e Aquilo que raciocina pela Razão, aprendei que, Aquilo, é o Absoluto, e, não o que os homens seguem.” ↩