Laurant Sentido Oculto

Jean-Pierre Laurant — O sentido oculto na obra de René Guénon

Uma obra indispensável para quem quer compreender a progressiva constituição do pensamento de René Guénon. Como se tornou uma obra rara, não mais reeditada, recomendamos sua nova obra, que acreditamos amplia ainda mais suas reflexões sobre o tema: «RENÉ GUÉNON : LES ENJEUX D’UNE LECTURE».

I O vigor das primeiras convicções
II Sete anos de ocultismo
III O poder oculto
IV A rejeição de uma falsa espiritualidade
V Corrigir a miopia do Ocidente
VI Em busca das ciências tradicionais
VII A doutrina metafísica
VIII O apelo da história
IX O realização
X A confusão e o despertar


Introdução
Quando o projeto de escrever tomou o jovem Guénon, ele iniciou um romance cujo herói em busca de conhecimento absoluto, foi convidado por um instrutor desconhecido a fechar todos os livros que lhe fossem inicialmente inúteis.

A obra inteira não desmente esta primeira afirmação de uma verdade oculta além do domínio do escrito das ciências fundadas na razão e além das místicas religiosas.

O verdadeiro saber é esotérico e universal, se furta por natureza às vãs tentativas dos sistemas filosóficos. Garante a seu termo, a Liberação total do homem regenerado, por identidade ao Princípio Supremo.

“Fechar” disse o “Mestre Desconhecido” e não lançar fora como Nathanaël de Gide; para Guénon, o livro nutre e prepara, ele é a almofada sobre a qual Buda está sentado em meditação.

Neste tempo de obscuridade espiritual, o homem ocidental aí encontra traços, vestígios de antigas ciências tradicionais perdidas. Guénon identifica Esoterismo e Tradição: ponto sensível de sua démarche que permite articular intuição espiritual e mundo das formas. A autenticidade tradicional do material de conhecimento é garantida pela intuição da qual é um símbolo aqui em baixo, onde pelo menos um signo. A legitimidade de sua correspondência se reconhece na atitude a transformar a vida.

A vida não explica a obra e a crítica da documentação não pode se dar conta da intuição espiritual; de fato, toda disposição em relação horizontal, termo a termo, trai o autor. Sua démarche simbólica segue um ritmo ternário: intuição, material de conhecimento, vida.

No entanto, esta afirmação vai contra a imagem que Guénon quis dar dele mesmo, apresentando sua vida como uma missão de investigação confiada pelos mestres orientais para medir as possibilidades de restauração num mundo ocidental desviado e condenado. Sua obra se tornou assim a “expressão total de verdade”, fixada depois dos primeiros textos em 1909 até 1950. As mudanças de orientação na vida teriam se reduzido a incidentes táticos sem repercussão sobre o pensamento. Uma informação independente da formação. Na ambiência dos anos “1900” de racionalismo triunfante, ele rechaçava as objeções lógicas e uma crítica de suas fontes que poderiam desacreditar a doutrina. O medo de ver misturar sua pessoa e seu caráter à metafísica o conduziram a separações radicais e a uma apresentação hierática que tende a fazer a prevalecer a convicção pela demonstração.



Jean-Pierre Laurant