Agrippa

(Riffard1996)

Henri Cornélius, chamado Agrippa, cujo verdadeiro nome é Cornélius — Agrippa foi tomado do antigo nome da sua cidade natal: Colónia, antes Colónia Agripina — nasce em 1436 e morre em 1535.

Contemporâneo de Paracelso, para quem foi uma autoridade cabalística fundamental, a vida de Agrippa, como a daquele, caracteriza-se por contínuas viagens e pela sua ampla erudição. Contudo Agrippa é ainda mais desprestigiado e perseguido pelos seus contemporâneos, a ponto de se tornar popular a estrofe:

… Agrippa, por profundo e sólido embusteiro, muito conhecido.

Fez os primeiro estudos em Paris, para voltar à sua terra natal por volta dos vinte anos e logo começar a percorrer a Europa.

Os textos que publicamos fazem parte da sua obra A Filosofia Oculta ou a Magia (De occulta philosophia)1. Esta obra é, na opinião de Orsier, «a primeira enciclopédia aparecida sobre o ocultismo». O livro, aparecido pela primeira vez em Colónia em 1533, foi, contudo, escrito na sua juventude. O próprio Agrippa explica no prólogo da primeira edição:

«Este livro da minha juventude, apesar de incompleto, correu de mão em mão e deu a volta a Itália, França e Alemanha. Foi assim que soube que devia ser imprimido e foi assim que ME decidi (a publicá-lo) depois de o ter corrigido, para que não saísse imperfeito das mãos de outro.»

A forte personalidade de Agrippa está manifesta também nestes versos:

Nada respeita Agrippa.
Despreza, sabe, não sabe, chora, ri, irrita-se, engana-se, destroça tudo.
Ao filósofo, ao demónio, ao herói, a Deus e a tudo.

Posição que lhe valeu numerosas críticas dos seus contemporâneos. O fragmento seguinte da Apologia de Agrippa de G. Naudé, que aparece na introdução da edição francesa que utilizámos, comparando-a com a latina, dá uma ideia da situação em que se encontrava Agrippa, que era considerado «um mocho, por causa da sua fealdade mágica, um farsante e um supersticioso», ao que G. Naudé responde: «Só a ignorância e a paixão podem fazer um juízo tão pouco favorável deste homem, que foi um autêntico Trismegisto nas três faculdades superiores da Teologia, Jurisprudência e Medicina.»

 

  1. Como se disse, este texto recolhe os ensinamentos que o ocultismo e a magia tinham acumulado durante séculos. Não se trata, de facto, de um tratado de magia como aqueles que estamos habituados a ler, mas sim de um estudo científico baseado nas forças da natureza, portanto, de uma ciência conatural do pensamento intuitivo de todos os povos. Utilizou-se a versão latina de 1553, em comparação com a francesa de 1910.[]