Há diferentes maneiras pelas quais um ser, de acordo com seu grau espiritual, pode apreciar o estado em que se encontra, e que a linguagem traduz muito bem pelas significações que dá à palavra “APEGO”. De fato, quando se tem APEGO por alguém ou por alguma coisa, naturalmente se considera um mal a separação, mesmo que essa separação deva na realidade provocar a libertação de certas limitações, às quais se encontra submetido por causa desse próprio APEGO. De uma forma mais geral, o APEGO de um ser ao seu estado, ao mesmo tempo que o impede de se libertar dos entraves que lhe são inerentes, faz com que considere uma infelicidade deixar tal estado, ou, em outros termos, atribua um caráter “maléfico” à morte e a esse estado, resultante da ruptura do “nó vital” e da dissolução do agregado que constitui sua individualidade. Apenas o ser que, em decorrência de um certo desenvolvimento espiritual, aspira ao contrário ultrapassar as condições de seu estado, pode “realizá-las” como verdadeiros obstáculos, como o são de fato. E o “desAPEGO” que experimenta desde então com referência a esse estado é já, ao menos virtualmente, uma ruptura desses entraves, ou, se preferirmos uma outra maneira de falar, talvez mais exata, pois não existe jamais ruptura no sentido exato do termo, uma transmutação “daquilo que acorrenta” para “aquilo que une”, o que nada mais é no fundo que o reconhecimento ou a tomada de consciência da verdadeira natureza do sutratma. (Guénon)