A arca da aliança é feita de madeira de ACÁCIA chapeada a ouro (Êxodo, 37, 1-4). A coroa de espinhos do Cristo teria sido entrançada com espinhos de ACÁCIA. Além disso, no ritual maçônico, um galho de ACÁCIA é colocado sobre o manto do recipiendário, para recordar aquele que foi plantado no túmulo de Hiram. Tais tradições demonstram que, no pensamento judaico-cristão, esse arbusto de madeira dura, quase imputrescível, de terríveis espinhos e flores cor de leite e sangue, é um símbolo solar de renascimento e imortalidade. “É preciso saber morrer, a fim de nascer para a imortalidade”, resumia Gérard de Nerval em Voyage en Orient, ao evocar o mito da morte de Hiram. E Guénon assinala que os raios da coroa de espinhos são os de um sol.
O símbolo da ACÁCIA, portanto, une-se à ideia de iniciação e de conhecimento das coisas secretas. Igualmente, é o que se pode induzir de uma lenda bambara, que coloca a ACÁCIA na origem do zunidor. Quando o primeiro ferreiro (em francês, forgeron, metáfora usada com o sentido de ‘aquele que fabrica ou inventa alguma coisa’: o artesão-inventor), ainda menino, estava a talhar uma máscara, uma lasca de madeira de ACÁCIA saiu da máscara-e saltou longe, emitindo um rugido semelhante ao do leão. O menino chamou dois de seus companheiros, pegou o fragmento de madeira, fez numa de suas extremidades um buraco através do qual enfiou uma cordinha, e pôs-se a girá-lo. Essa lenda africana faz lembrar certa prática védica, ainda hoje em vigor: abre-se um orifício no meio de um disco de ACÁCIA; enfia-se um bastão feito de madeira de figueira no orifício desse disco, fazendo-o girar rapidamente; e assim, sob o efeito da fricção, produz-se o fogo sagrado que servirá para o sacrifício. Neste caso, a ACÁCIA representa o princípio feminino, e o bastão, o masculino.
Encontra-se analogia semelhante na Índia, onde a concha sacrificial (sruk) atribuída a Brama é feita de madeira de ACÁCIA.
Assim, por toda parte pode-se encontrar a ACÁCIA ligada a valores religiosos, como uma espécie de suporte do elemento divino, em seu aspecto solar e triunfante. (DS)