arquétipo

Os exemplos mais sugestivos desses esquemas eidolo-motores (v. símbolo) são os arquétipos, conforme os denominou C. G. Jung. Pode-se recordar aqui um conceito de S. Freud, sem dúvida mais restritivo do que o de Jung, sobre os fantasmas originários, que seriam estruturas fantasmáticas típicas (vida intra-uterina, cena primária, castração, sedução) que a psicanálise considera como organizadoras da vida fantasmática, quaisquer que sejam as experiências pessoais dos sujeitos; a universalidade desses fantasmas explica-se, segundo Freud, pelo fato de que constituiriam um patrimônio transmitido filogeneticamente.

Para C. G. Jung, os arquétipos seriam como protótipos de conjuntos simbólicos, tão profundamente gravados no inconsciente que dele constituiriam uma forma de estrutura: os engramas, segundo o termo usado pelo analista de Zurique. Na alma humana, são como modelos pré-formados, ordenados (taxinômicos) e ordenadores (teleonômicos), i.e., conjuntos representativos e emotivos estruturados, dotados de um dinamismo formador. Os arquétipos manifestam-se como estruturas psíquicas quase universais, inatas ou herdadas, como uma espécie de consciência coletiva; exprimem-se através de símbolos específicos, carregados de uma grande potência energética. Desempenham um papel motor e unificador considerável na evolução da personalidade. C. G. Jung considera o arquétipo como uma possibilidade formal de reproduzir ideias semelhantes ou, pelo menos, análogas (…) ou uma condição estrutural inerente à psique que tem, ela própria, de certo modo, ligação com o cérebro. Mas o que é comum à humanidade são essas estruturas constantes e não as imagens aparentes que podem variar conforme as épocas, as etnias e os indivíduos. Sob a diversidade das imagens, das narrativas e das mímicas, uni mesmo conjunto de relações pode-se revelar, uma mesma estrutura pode funcionar. Mas se por um lado as imagens múltiplas são susceptíveis de uma redução a arquétipos, por outro lado não se deve perder de vista seu condicionamento individual, nem se deve, para chegar ao tipo, negligenciar a realidade complexa desse homem, tal como ele é. A redução, que alcança o fundamental através da análise e que é de tendência universalizante, deve ser acompanhada de uma integração, que é de ordem sintética e de tendência individualizante. O símbolo arquetípico liga o universal e o individual. (DS)