Conhecer a Deus e não amá-lo é não conhecê-lo.
Não somos nós quem conhecemos a Deus, é Deus que se conhece em nós.
Tudo o que podemos conhecer o levamos em nós mesmos, logo o somos; e por isto podemos conhecê-lo.
Pretender que o conhecimento como tal não pode ser senão relativo equivale dizer que a ignorância humana é absoluta.
A vontade do Bem e o amor do Belo são as concomitâncias necessárias, de repercussões incalculáveis, do conhecimento do Verdadeiro.
O sentido e a razão suficiente do homem é conhecer, e conhecer é inelutavelmente conhecer a Divindade.
A substância do conhecimento divino é o Conhecimento da Substância divina.
Espiritualmente falando, conhecer-se a si mesmo é ter consciência dos próprios limites e atribuir toda qualidade a Deus.
Convém distinguir entre um conhecimento que é ativo e mental, a saber, o discernimento doutrinal, pelo qual tomamos consciência da verdade, e um conhecimento que é passivo, receptivo e cardíaco, a saber, a contemplação invocatória, pelo qual assimilamos aquilo do que temos tomado consciência.
O conhecimento de si: não dizemos que tenha que se subestimar e sobrestimar aos demais; dizemos que não tem que se sobrestimar nem subestimar aos demais. No entanto, é melhor se subestimar e sobrestimar aos demais que ter a atitude contrária. (Schuon PP)
O conhecimento é uma função do ser. Quando há uma mudança no ser do conhecedor há uma mudança correspondente na natureza e na totalidade do conhecido. Por exemplo, o ser de uma criança é transformado, pelo crescimento e educação, no de um homem; entre os resultados dessa transformação está uma mudança revolucionária no modo de conhecer e na totalidade e caráter das coisas conhecidas. À medida que o indivíduo cresce, o conhecimento torna-se mais conceitual e sistemático na forma, e o seu conteúdo real e utilitário amplia-se consideravelmente. Mas essas vantagens são prejudicadas por certa deterioração da qualidade da apreensão imediata, por uma perda de nitidez e poder intuitivo. Consideremos a mudança individual que o cientista está apto a introduzir mecanicamente por meio de seus instrumentos. Equipado com um espectroscopio e um refletor de seis polegadas, um astrônomo torna-se, em relação à visão, uma criatura super-humana, e como podemos naturalmente esperar, o conhecimento possuído por essa criatura super-humana será muito diferente, em quantidade e qualidade, do adquirido por alguém que olhava as estrelas simplesmente a olho nu.
Não são apenas as mudanças no ser fisiológico e intelectual as únicas que afetam o seu conhecimento. O que sabemos depende daquilo que, como seres morais, resolvemos fazer de nós mesmos. “A prática”, nas palavras de William James, “pode mudar nosso horizonte teórico de duas maneiras: pode levar-nos a novos mundos e assegurar novos poderes. Um conhecimento que jamais atingiremos permanecendo o que somos pode ser obtido em consequência de poderes mais altos e de uma vida mais elevada, que podemos moralmente alcançar.” Apresentando o assunto mais sucintamente: “Bem-Aventurados os puros de coração, pois eles verão a Deus.” A mesma ideia foi expressa pelo poeta sufista, Jalaluddin Rumi, em termos de uma metáfora científica: “O astrolábio dos mistérios de Deus é o Amor.” (Huxley)