dedos

Para os dogons, o dedo indicador (index) é o dedo da vida; o dedo médio, o da morte. O médio da mão esquerda é a única parte visível do corpo do defunto, todo ele escondido e atado numa cobertura ritual. Os dogons dizem que é com a ajuda desse dedo que o morto fala aos vivos. Mas o índex é também o dedo “do senhor da palavra (valor numérico 7), e o médio o dedo da própria palavra (valor numérico 2).

O polegar é símbolo de poder para os bambaras, entre os quais os chefes usam no polegar um anel ornado com o signo do raio: quando dão uma ordem balançando a mão, ameaçam, desse modo, com o raio, o interlocutor. Em oposição a esse dedo, e simbolizando o poder social, o auricular ou mínimo, sempre para os bambaras, que o denominam filho dos outros dedos, é detentor da nyama, i.e., da força vital dos outros dedos. Eles o empregam para a adivinhação e para lançar as sortes. O dedo mínimo do pé, como o auricular, simboliza a pessoa inteira e é, por vezes, enfeitado com um anel de prata, símbolo do verbo que habita a totalidade do corpo humano, da cabeça aos pés. Um gesto feito com o auricular é sinal de aquiescência total e compromete a pessoa inteira.

O intervalo que separa o dedão do pé do dedo seguinte tem uma significação sexual para os bambaras. Eles consideram, com efeito, que ali se encontra um dos centros nervosos do corpo humano, o qual governa as cordas, i.e., os nervos do sexo e do ânus. Ele é, então, o reflexo das funções de locomoção, de reprodução e de evacuação do corpo humano. Numerosas práticas, esclarece M. Zahan, põem essa relação em evidência. Assim, diz-se da mulher que tem esse vão muito aberto que ela tem fortes apetites sexuais e uma certa tendência à libertinagem. Por outro lado, é costume prender ao dedão do pé de cada um dos recém-casados um fio de algodão: isso ajuda o homem na defloração e ajuda a mulher a suportar as dores.

Ainda para os bambaras, o polegar encarna a força, não somente física mas mental. Esse dedo, prolongamento da atividade da alma, representa igualmente o trabalho.

Os dogons atribuem também ao polegar os valores numéricos 3 e 6 (GRIE), valor triplicemente masculino, uma vez que o n.° 3 é o signo da masculinidade. O indicador é o dedo do juízo, da decisão, do equilíbrio, do silêncio, i.e., do autodomínio. O dedo médio, “pai de todos”, simboliza a afirmação da personalidade; o anular e o auricular estilo ligados às funções de sexualidade, aos desejos e apetites; mas o símbolo do anular é mais nitidamente sexual que o do outro; o do auricular, mais esotérico: ele é o dedo dos desejos secretos, dos poderes ocultos, da adivinhação.

O padre Dupeyrat constatou que as mulheres da Papuásia (Nova Guiné) cortavam uma falange em sinal de luto quando lhes morria o marido. Alfred Métraux registra o mesmo costume entre os indígenas do delta do Paraná, no Brasil.

Segundo o sistema de correspondências planetárias do microcosmo, a astrologia tradicional faz do polegar o dedo de Vénus; do indicador, o de Júpiter; do médio, o de Saturno; do anular, o dedo solar; e do auricular, o dedo de Mercúrio. (DS)