despensa

Despensa é o lugar fechado onde se costuma esconder o vinho ou os mantimentos. As casas dos hebreus, encimadas por terraços, não comportavam despensas (no andar superior); câmaras, ao abrigo do calor e da luz, às vezes cavadas no chão, serviam para guardar o vinho e as provisões. A despensa pode designar também a câmara do tesouro; assim, no primeiro templo, era uma dessas câmaras que se utilizava para o armazenamento do produto dos dízimos. É mencionada a existência de tais cômodos no segundo templo (2 Esdras, 15, 12-13; Malaquias, 3, 10), para onde os israelitas deviam levar suas oferendas.

No plano espiritual, a palavra despensa possui um sentido místico preciso. Bernardo de Clairvaux diria que o Espírito Santo para aí leva a alma, a fim de torná-la consciente de suas riquezas. A despensa corresponde, nesse caso, ao conhecimento de »l mesmo; a alma que se conhece consegue exercer a caridade em relação a outrem, dá o que possui, e recusa-se a conservar só para si as benfeitorias recebidas. O Cristo dirigiu a alma para o interior de si mesma, o Espírito Santo encoraja-a a compartilhar seus bens espirituais. Bernardo compara a despensa ao segundo céu. Na ordem mística, a despensa designa ainda a câmara do tesouro, à qual já aludimos acima; mas, neste caso, a palavra despensa designa a câmara secreta na qual a alma deve penetrar a fim de recolher-se e tomar consciência das graças recebidas. Ela saboreia o vinho ali contido e prova os alimentos espirituais. Assim, a palavra despensa adquire o sentido de Interioridade, de câmara do segredo.

Também no Islã, a despensa — onde se preserva o vinho do conhecimento divino — simboliza o recinto sagrado para o qual se retira o místico, a fim de unir-se ao seu Deus. (DS)