Huss, João (c. 1369-1415) Reformador religioso tcheco, natural de Husinec, na Boêmia, e educado na Universidade de Praga. Ordenado em 1400 e nomeado reitor da universidade em 1409, Huss foi um teólogo acadêmico que pregou em tcheco e promoveu o sentimento antialemão na Universidade de Praga. Essa política nacionalista era politicamente vantajosa para a monarquia boêmia e culminou no êxodo alemão da universidade (1409). Huss viu-se alvo da suspeita de heresia e foi excomungado (1410), em consequência do seu protesto contra a queima dos livros do reformador inglês Wycliffe pelo arcebispo de Praga. Huss continuou sendo muito popular e pregando (o que levou Praga a ser colocada sob interdição em 1411). Em 1412, foi compelido a abandonar Praga e compôs sua maior obra, De Ecclesia; suas obras abrangem o dogmático, o polêmico, o homilético, o exegético e o epistolar. Huss recorreu à obra de outros reformadores, sobretudo Wycliffe, mas não adotou os sistemas deles. Estava preocupado com a reforma moral da Igreja e com o retorno à pureza, mas não considerou a hipótese de rompimento com Roma. Atacou a venda de indulgências papais e desafiou as pretensões papais de chefia suprema da Igreja (1412). Em 1414 foi intimado a comparecer ao Concílio de Constança a fim de defender suas convicções, onde, apesar de ser portador de um salvo-conduto fornecido pelo rei Sigismundo, foi detido, condenado por heresia e queimado em auto-de-fé (6 de julho de 1415). Huss tinha atraído numerosos seguidores, os hussitas (calistinos ou utraquistas, que insistiram, diferentemente de Huss, em restabelecer a comunhão com pão e vinho), e sua morte provocou subsequentemente as guerras hussitas. (DIM)