Com o nome de Símbolo dos Apóstolos ou Credo dos Apóstolos, inicia-se na Igreja uma série de fórmulas ou profissões de fé que chegaram até nossos dias. São fórmulas muito elaboradas e concisas que contêm um compêndio da teologia da Igreja. Servem para a proclamação ou confissão da fé da comunidade, e boa parte delas entrou na liturgia eucarística e na catequese.
A primeira dessas manifestações de fé é o propriamente chamado Credo ou Símbolo dos Apóstolos, usado no Batismo e na Eucaristia, tanto pelos católicos quanto pela maioria das confissões protestantes. Sua forma atual, que consta de 12 artigos, não é anterior ao século VI. No entanto, o nome Symbolum Apostolicum indica-nos que é mais antigo. Uma tradição nos diz que os apóstolos, antes de separar-se para suas respectivas missões em diferentes países e nações, redigiram de comum acordo um breve sumário da doutrina cristã como base de seus ensinamentos e como regra de fé para os crentes.
As investigações recentes concluem que seu conteúdo essencial data da era apostólica. A forma atual, no entanto, desenvolveu-se gradualmente. Sua evolução está vinculada à liturgia batismal e à preparação ao catecumenato, e o texto é semelhante ao credo utilizado em Roma nos séc. III-IV. Na forma presente, já se encontra em Cesário de Arles e foi usado na França, Espanha, Irlanda e Alemanha, nos finais do século VI e princípios do VII. Esse credo foi reconhecido como afirmação oficial de fé da Igreja Católica do Ocidente pelo Papa Inocêncio III (1198-1216).
Existem também outras fórmulas de fé nascidas ao longo da história da Igreja, fruto da mesma necessidade de explicitar ou acentuar, tanto a fé em geral, quanto um dogma particular. Junto ao Credo dos Apóstolos, de uso nas Igrejas do Ocidente, encontramos o credo formulado pelo Concílio de Niceia (325), conhecido como Credo de Niceia ou niceno. Foi redigido para defender a fé ortodoxa contra o arianismo. Como apêndice do mesmo, há quatro anátemas antia-rianos, que são considerados parte integrante do texto.
Deste credo há uma segunda versão, conhecida como Credo Niceno-constantinopolitano e que se usa na liturgia tanto do Oriente quanto do Ocidente. Desde o Concílio da Calcedonia (451) foi tido como o credo do Concílio de Constantinopla (381). Daí seu nome. O mesmo que o Credo dos Apóstolos ou o de Jerusalém, o Credo Niceno-constantinopolitano pretende excluir ideias heréticas, e em particular a heresia ariana que negava a igualdade do Filho com o Pai. Para isso afirma a consubstancialidade do Filho com o Pai (homoousion). Posteriormente, as Igrejas ocidentais acrescentaram a cláusula filioque, que afirma que o Espírito procede do Pai e do Filho. Esta cláusula foi parte e causa da ruptura da Igreja do Oriente e do Ocidente, já que aquela jamais aceitou tal cláusula.
Um terceiro credo ecumênico é o chamado Credo Atanasiano, atribuído a Santo Atanásio. Hoje se reconhece que é posterior, provavelmente da segunda metade do séc. V. Esse credo, que teve seu reconhecimento no Oriente até o séc. XVI, ainda é reconhecido oficialmente pelos católicos, pelos anglicanos e pelos luteranos. Seu uso veio a ser pouco presente na liturgia. E extremamente polêmico em seu tom, detém-se nas afirmações sobre a Trindade, a Encarnação e os fatos da vida do Salvador. Termina com anátemas contra os que não acreditam em tais afirmações.
As fórmulas de fé ou credos continuaram até nossos dias. As Igrejas nascidas da Reforma adotaram as Confissões de fé para expressar e formular sua fé. Entre os católicos, existem duas fórmulas de fé promulgadas por dois papas depois de dois concílios. A primeira é a Professio Jidei tridentinae, compêndio das doutrinas promulgadas no Concílio de Trento. Foi publicada por Pio IV, em 1564. Era a profissão de fé que deveriam fazer os oficiais da Cúria Romana e de todos os cargos eclesiásticos antes da posse. Em 1967, foi substituída por uma fórmula mais breve. A segunda fórmula de fé é o Credo do povo de Deus de Paulo VI (1968), uma fórmula ampliada como recordação da fé vivida pela Igreja Católica no século XX.
BIBLIOGRAFIA: E. Denzinger, Enchiridion symbolorum…; J. Quasten,Patrologia, 1,3ls.; J.N. D.Kelly, Primitivos credos cristianos. Salamanca 1980; Vários, Para decir el credo. Verbo Divino, Estella 1988. (Santidrián)