(ou godos ocidentais)

Entre os germanos orientais, os visigodos constituíam uma parte significativa e coesa dos povos góticos. Convertidos ao Cristianismo ariano no século IV, desempenharam um papel preponderante no movimento que, sob pressão dos hunos, redundou na travessia da fronteira do Danúbio em 376 e na subsequente derrota imperial de Adrianópolis em agosto de 378, no decorrer da qual o imperador Flávio Valente foi morto. Os visigodos fixaram-se então nos Balcãs como irrequietas tropas federadas, mas sob o comando de seu poderoso líder Alarico, voltaram suas atenções para a Itália. Após uma longa série de gestões diplomáticas e de campanhas militares, eles acabaram saqueando Roma (23-27 de agosto de 410), embora o próprio Alarico morresse nesse mesmo ano.

Os efeitos psicológicos do saque de Roma foram universais, mas as consequências políticas imediatas tiveram relativamente pouca importância. Os visigodos continuaram exercendo uma curiosa dualidade como federados e, ocasionalmente, como saqueadores da população romana. Penetraram na Gália e combateram como aliados dos romanos na grande batalha de Châlons (451) contra Átila e seus hunos. No reinado de Eurico (466-84), consolidaram seu domínio na Gália ao sul do Loire e avançaram sua esfera de influência no sul, penetrando firmemente na Península Ibérica. O Arianismo visigótico criou desconfiança e permanente desarmonia com a população romana e, na primeira década do século VI, eles perderam o controle da maior parte da Gália, exceto das províncias ao longo da costa mediterrânea, para os francos, católicos recém-convertidos.

O reino visigodo na Espanha foi mais duradouro. A dissenção religiosa assolava a vida política do reino, mas em 589 Recaredo I convocou um concílio em Toledo, onde foi tomada a decisão de aceitar o Catolicismo. Uma dissidente minoria ariana entre os visigodos e a perseguição aos judeus no século VII debilitaram a estrutura da sociedade hispânica, preparando o terreno para a conquista árabe das primeiras décadas do século VIII. Contudo, o reino visigodo durou mais do que qualquer outra estrutura política germânica oriental e deixou um legado permanente para o Ocidente em sua arte, cultura e influência sobre as teorias de realeza e de direito eclesiástico. (DIM)