hamdu (louvor) (Chodkiewicz)

Al-hamdu li-Llâh al-ladhî awjada l-ashiyâ’ ‘an ‘adam wa ‘addamahu: para qualquer pessoa familiarizada com o ensinamento de Ibn Arabi, a fórmula al-hamdu li-Llâh (literalmente: “O louvor pertence a Deus”) não significa apenas que o louvor é de Deus por direito, mas que, de fato, vem somente Dele, que Ele é tanto o Louvador (al-hâmid) quanto o Louvado (al-mahmûd): “Ninguém louva a Deus exceto o próprio Deus” (Lâ hâmida li-Llâh illâ huwa), declara Ibn Arabi em seu comentário sobre a Fâtiha, no capítulo 5 do Futuhat. No capítulo 350, onde ele trata do hujub (os “véus”, ou seja, as próprias criaturas na medida em que ocultam a onipresença divina), ele também descreve a morada espiritual (manzil) na qual recebemos o conhecimento desse “louvor de Deus por Deus”. Com relação a essas duas primeiras palavras da khutba, Amir ‘Abd al-Qâdir, inspirando-se na mesma passagem do capítulo 5, distingue três categorias de seres: os crentes comuns que louvam a Deus “por si mesmos” (bi-anfusihim), a elite que louva a Deus “por Deus” (bi-Llâh) e a elite da elite cujo louvor “pertence a Deus” (li-Llâh), porque os homens dessa categoria sabem que é Deus quem, por meio de suas bocas, se dirige a Ele. Os homens de lâm (letra inicial da partícula H) são, portanto, superiores aos homens de bâ (letra inicial da partícula bi) porque bi implica a subsistência do louvador, enquanto li implica sua extinção. (MCFutuhat)

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