Lucille (FLEN) – três tipos de pensar

Dennis: Parece-ME que “pensar” é um dos maiores obstáculos à iluminação. Todos os mestres dizem que, na verdade, não há nada a ser feito, mas manas não quer que seja assim! Como devemos lidar com o pensamento?

Francis: Há três tipos de pensamentos:

1. Pensamentos práticos, que são úteis para conduzir nossos negócios ou nossa vida cotidiana, como, por exemplo, “Preciso comprar gasolina”. Esse tipo de pensamento não deve ser suprimido (não queremos ficar sem gasolina!). Uma vez que ele tenha sido devidamente considerado e as medidas necessárias tenham sido tomadas, esses pensamentos nos deixam espontaneamente.

2. Pensamentos relacionados ao Supremo, à nossa compreensão da perspectiva não dual, como “não há, na verdade, nada a ser feito”. Esses pensamentos vêm do Supremo. Se os aceitarmos, eles purificarão a mente de seu condicionamento dualista e, por fim, nos levarão de volta à sua fonte. Eles trazem clareza e nos dão uma ideia da bem-aventurança que é inerente à nossa natureza real.

3. Pensamentos relacionados à noção de ser uma entidade pessoal, tais como desejos, medos, dúvidas, o que inclui sonhar acordado e outros tipos de pensamento positivo. Alguns pensamentos desse terceiro tipo são aparentemente inócuos e, por essa razão, difíceis de detectar no início. Uma emoção forte que leva ao sofrimento e à desarmonia, como ciúme ou medo, será facilmente detectada, ao passo que posso ME entregar por algum tempo, sem perceber, a imaginar-ME nas praias da Riviera Francesa com uma bela companhia.

É um erro comum e frequente considerar qualquer tipo de pensamento como um obstáculo à autorrealização. Os pensamentos do terceiro tipo são os únicos que constituem obstáculos ao estabelecimento consciente no Absoluto. Há duas maneiras de lidar com esses pensamentos quando eles surgem:

A. Se ainda não estivermos convencidos de que não somos uma entidade pessoal limitada, sempre que notarmos um pensamento desse tipo, devemos tentar encontrar sua fonte, o ego. É claro que nossa tentativa de capturar o ego fracassa, como aponta Ramakrishna, o que nos leva diretamente ao centro inexistente da cebola. Nesse momento, o ego desaparece e experimentamos nossa liberdade inata (pelo que parece ser um momento muito curto). Esse vislumbre da verdade reforça nossa convicção de que não somos uma entidade pessoal.

B. Quando nos convencemos de que não somos uma entidade pessoal, os pensamentos do terceiro tipo geralmente continuam a ocorrer por algum tempo como uma questão de hábito, da mesma forma que a inércia mantém um motor elétrico funcionando depois que o cabo de alimentação foi desconectado. Nesse caso, não há necessidade de investigar a origem desses pensamentos; podemos simplesmente abandoná-los assim que os percebermos.