Mullah Nassr Eddin

SUFISMO — MULLAH NASSR EDDIN

Segundo Jean-Louis Maunoury, «Sublimes paroles e idioties de Nasr Eddin Hodja», um texto muito antigo já outorga a Nasr Eddin Hodja o título de «idiota completo». Não se engane: esta qualificação não é uma censura mas um elogio. Ela não significa que Nasr Eddin seja completamente idiota, segundo a expressão usual, mas muito mais que ele é um «idiota realizado». Como outros acedem à iluminação, ele teria alcançado o estado supremo — sublime — da idiotice.

Mas que espécie de idiotice? Existiria uma forma de tolice ou de ignorância na qual possa-se ser cientemente excelente de alguma sorte?

Cada estória de Nasr Eddin se apresentam na forma de um koan (este enigma que os adeptos do zen se propõem como tema de meditação), mas de um koan onde o acento estaria posto sobre o ridículo, sobre o cômico de toda situação de conflito — e que nos convidaria, por aí, a rir de nossa pretensa capacidade de apreender a realidade sob o pretexto que somos capazes de avaliar as aparências. Diante de situações e problemas contundentes, inútil quebrar a cabeça. Mais vale então rir, abrir-se à insanidade que as estórias desvendam, aceitar entrar em uma lógica delirante que fragiliza as fronteiras admitidas do verdadeiro e do falso, da inteligência e da estupidez. Talvez um outro conhecimento nos será assim dado.

Folclore