Panikkar Sentidos Analogia

Raimon Panikkar — A EXPERIÊNCIA DE DEUS
O DISCURSO SOBRE DEUS
Um discurso de vários sentidos que não pode nem mesmo usar analogias
O discurso sobre Deus tem, por conta de sua constituição mesma, numerosos sentidos e não pode existir um sentido primeiro, primum analogatum, dado que não pode haver uma metacultura a partir da qual se elaboraria o discurso. Existe muitos conceitos de Deus, mas nenhum deles não «concebe». Um superconceito ou um cenominador conceitual comum não resolveria o problema, porque eliminaria da cena precisamente as diversidades as mais ricas e as mais fecundas e faria de Deus uma abstração. Deus não é uma formalidade.

Devemos aceitar que existe várias tradições religiosas que não se pode medir, comparar entre elas, e o «Deus universal» que poderíamos ser tentados a postular como denominador comum de todas as tradições não seria certamente o Deus de nenhuma tradição real. Deus é único, logo incomparável, e assim o é de toda experiência dele. Não há nenhum espaço anterior, ao mesmo tempo neutro e comum, que permita estabelecer comparações.

Pretender limitar, definir, conceber Deus é uma tentativa em si mesma contraditória, pois sua realização seria uma criação do espírito, uma criatura. Querer encontrar algo mais vasto, mais englobante que Deus, é uma deformação do pensamento , embora possamos evidentemente comparar as diferentes noções da divindade.

Raimon Panikkar