Extrato da tradução de José Jorge de Carvalho, “Poemas Místicos”
Morre no amor
Morre agora, morre!
Morre neste amor.
Quando morto estiveres, nova vida receberás.
Morre agora, morre!
Não temas esta morte,
pois todos hão de elevar-se da terra
e tocar os céus.
Morre agora, morre!
Liberta-te de vez da alma carnal: ela é a grade, tu o prisioneiro.
Toma a ferramenta e cava o chão da prisão, quando dela tiveres escapado, serás príncipe e rei.
Morre agora, morre diante do belo Rei!
E quando morto estiveres ante tal majestade, hás de tornar-te insigne senhor.
Morre agora, morre!
E remove esta nuvem.
Quando saíres de trás dela serás radiante lua cheia.
Silêncio! Faz silêncio!
O silêncio é o sinal da morte.
Em nome da vida
não fujas mais do que guarda silêncio!