História da lagoa, dos pescadores e dos três peixes – um inteligente, o segundo meio inteligente, o terceiro cego, estúpido, descuidado, que não serve para nada.
Homem teimoso! Essa é a história do lago em que viviam três peixes grandes. Vocês já a leram em Kalila, mas lá estava apenas a casca; aqui está a polpa nutritiva. Alguns pescadores passaram por essa lagoa; viram os peixes escondidos ali, então se apressaram em trazer as redes; os peixes ficaram alertas. Um deles, inteligente, decidiu emigrar e seguir o caminho difícil, apesar de si mesmo. Disse: “Não aceitarei conselhos dos outros dois, pois eles certamente enfraquecerão meu vigor; o amor pelo local de nascimento dominará suas almas e ME inspirarão preguiça e ignorância”. Para lhe dar conselhos, você precisa de alguém que esteja realmente vivo, que manterá seu espírito vivo; mas onde está ele? Siga o conselho de alguém que saiba viajar, você que deseja viajar! (…) Portanto, não se deixe seduzir pelo “amor à pátria” (hobb-ol-watan; alusão ao hadith: hobb-ol-watan min al-îmân “o amor à pátria faz parte da fé”); não se apegue ao significado literal dessas palavras, pois sua pátria não está aqui na terra, ó minha alma! sua verdadeira pátria está em outro universo; se quiser encontrá-la, atravesse o grande rio; não leia esse hadith verdadeiro de forma errada. (Masnavi, éd. Nicholson, v. 2202.)