Schuon (PSFH) – Estética e simbolismo na arte e na natureza

Na economia dos meios espirituais, a beleza, que é positiva e misericordiosa, é, de certa forma, a antítese do ascetismo, que é negativo e implacável; no entanto, um sempre contém algo do outro, porque ambos derivam da verdade e a expressam de diferentes pontos de vista.

A busca pelo desagradável é justificada na medida em que é uma forma de ascetismo; mas não deve ir tão longe quanto o culto ao feio, porque então estaria negando um aspecto da verdade. Em uma civilização que ainda era totalmente tradicional, a questão dificilmente poderia ter surgido; a feiura era mais ou menos acidental. Foi somente no mundo moderno que ela se tornou uma espécie de norma ou princípio; a beleza é vista como uma especialidade, até mesmo um luxo, daí a frequente confusão, em todos os níveis, entre feiura e simplicidade.

Em nosso tempo, o discernimento da forma assume particular importância: o erro aparece em todas as formas que nos cercam e nas quais vivemos; ele corre o risco de envenenar nossa sensibilidade, até mesmo nossa sensibilidade intelectual, introduzindo uma espécie de falsa indiferença, dureza e trivialidade.