Frithjof Schuon — FILOSOFIA
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Não é possível enfatizar demais que a filosofia, em seu sentido atual humanístico e racionalizante, é primordialmente lógica; esta definição de René Guénon corretamente situa o pensamento filosófico tornando clara sua distinção do que denomina “intuição intelectual”, que é a percepção direta da verdade. Mas uma renovada distinção também deve ser estabelecida no plano racional ele mesmo: a lógica tem o poder seja de operar de acordo com a intelecção ou ao contrário se pôr à disposição de um erro, de modo que a filosofia pode se tornar o veículo de qualquer coisa; pode ser, por exemplo, um aristotelismo tratando de conhecimento ontológico, assim como pode declinar em um existencialismo no qual a lógica nada mais é que uma atividade cega e irreal, propriamente descrita como um “esoterismo de estupidez” (NA: O que dizer de um sistema de “metafísica” que ponderadamente coloca a experiência humana no centro da realidade — como se nossa inteligência não nos permitisse ir além — e que opera com conceitos grosseiramente subjetivos e conjecturais como “ansiedade” e angústia”? (Estações de Sabedoria)
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Comentário: A crítica direta de Schuon à filosofia de Heidegger parece indicar um certo desconhecimento do perenialista em relação ao sentido das noções e termos pensados por Heidegger em sua filosofia. Do mesmo modo sua argumentação frágil sobre a centralidade dada à experiência humana, no caso o Dasein em Heidegger, nos permite retrucar: se não for sobre a experiência humana, sobre sua vida vivida, sobre que fundamento o humano pode conjeturar sobre a realidade? É lamentável que alguns perenialistas tenham se fechado em copas, sem a justa reflexão sobre algumas iniciativas modernas, em grande parte por uma aversão atávica a todas as formas de pensar da Modernidade, tempo ao qual pertencem como todos nós.