Frithjof Schuon — O ESOTERISMO COMO PRINCÍPIO E COMO VIA
^O homem, sendo livre, está condenado à liberdade; não foram as verdades e os métodos libertadores que “faliram”, foram os homens que se tornaram “adultos”, por assim dizer.^
^O homem que perdeu a graça divina, portanto o homem comum, é como que envenenado pelo elemento passional de maneira rude ou sutil; daí resultando uma obscuração do Intelecto e a necessidade de uma Revelação oriunda do exterior. Retirem o elemento passional da alma e da inteligência — retirem “a ferrugem do espelho” ou do “coração” — e o Intelecto ficará liberto; ele revelará, do interior, o que a religião revela do exterior. Mas isto é importante: para poder fazer-se entender por almas impregnadas de paixão, a própria religião deve adotar uma linguagem, por assim dizer, passional, donde o pragmatismo que exclui e o moralismo que esquematiza. Se o homem comum ou o homem coletivo não fosse passional, a Revelação usaria a linguagem do Intelecto e não haveria mais nenhum exoterismo, aliás nem esoterismo como complemento oculto.^
^Quem diz “homem” diz bhakta e quem diz “espírito” diz jnani. A natureza humana é, por assim dizer, composta por essas duas dimensões semelhantes, mas incomensuráveis. Por certo, há uma bhakti sem jnana, mas não existe jnana sem bhakti.^
^Quem diz homem diz forma; o homem é a ponte entre a forma e a essência, ou entre a “carne” e o “espírito”.^
^A Personalidade divina, já o dissemos, é antropomórfica; além do que, na realidade, é o homem que se assemelha a Deus e não o contrário; Deus faz-se necessariamente homem nos seus contatos com a natureza humana.^
^O ego como tal não pode em boa lógica reivindicar a experiência do que está além do egotismo; o homem é o homem, e o Si-mesmo é o Si-mesmo.^