Em que se torna a inteligência separada de sua fonte supra-individual ?
É humano o que é natural ao homem, e é natural ao homem, mais essencialmente ou mais especificamente, o que se refere ao Absoluto e consequentemente indica a superação do humano terrestre1 . E, antes mesmo dos símbolos, das doutrinas e dos ritos, nossa subjetividade mesmo — dissemos — indica o mais claramente possível nossa referência ao Espírito e ao Absoluto; sem a primazia absoluta do Espírito, a subjetividade relativa não seria nem possível nem concebível, ela seria como um efeito sem causa.
A inteligência separada de sua fonte supra-individual se acompanha ipso facto desta falta de sentido das proporções que se chama o orgulho; inversamente, o orgulho impede a inteligência tornada racionalismo de elevar-se a sua fonte; não pode senão negar o Espírito e o substituir pela matéria; é desta que faz brotar a consciência, na medida que não pode negá-la em a reduzindo — e os ensaios não faltam — a uma espécie de matéria particular refinada ou «evoluída»2 . Ao invés de se inclinar à evidência do Espírito, a razão orgulhosa negará sua própria natureza que no entanto permite de pensar; em suas conclusões concretas, ela prescinde tanto de imaginação e de sentido de proporção quanto de perspicácia intelectual, e eis aí precisamente uma consequência de seu orgulho. Corruptio optimi pessima: é o que prova, uma vez mais, a monstruosa desproporção entre a habilidade da razão tornada luciferiana e a falsidade de seus resultados; desperdiça-se torrentes de inteligência para escamotear o essencial e para provar brilhantemente o absurdo, a saber que o espírito acabou por surgir de um monte de terra — ou digamos de uma substância inerte — através dos milhões de anos cuja quantidade, tendo em vista o resultado suposto, é derisório e nada prova. Há uma perda do sentido comum e uma perversão da imaginação que, rigorosamente falando, nada têm de humano, e que não podem se explicar senão pela posição cientista bem conhecida de tudo interpretar pelo baixo; de elaborar não importa que hipótese, desde que ela exclua as causas reais, as quais são transcendentes e não materiais, e cuja prova concreta e tangível é nossa subjetividade, precisamente.
NOTAS: