Silburn (Hermes1:47) – Consciência

Os xivaítas da Caxemira foram muito claros sobre este assunto. Com que simplicidade não afirmam que a Consciência, evidente por si mesma, em si mesma, é para si mesma a sua própria prova1.

Nenhum meio ou critério de conhecimento pode revelá-la: longe de demonstrar sua existência, esses meios dependem da consciência e, sem ela, não são nada. Duvidar da Consciência é assumir tacitamente sua validade. Kșemarāja, analisando o Śiva sūtra dessa forma, cita o seguinte exemplo de um antigo tratado para mostrar que a consciência se afirma no próprio esforço que faz para negar a si mesma:

“A energia consciente de Śiva é como um homem que se esforça para saltar com os pés sobre a sombra da sua cabeça, quando (a sombra) da sua cabeça já não está mais onde os seus pés pousaram”.2

(Extrait de Hermès I, p. 47)


  1. E é de fato por isso que ela é chamada de “Luz” (prakāśa). 

  2. Shivasutra de Ksemaraja e Shivasutra vimarsini, I.I. p. 36. 

Lilian Silburn (1908-1993)