Os xivaítas da Caxemira foram muito claros sobre este assunto. Com que simplicidade não afirmam que a Consciência, evidente por si mesma, em si mesma, é para si mesma a sua própria prova1.
Nenhum meio ou critério de conhecimento pode revelá-la: longe de demonstrar sua existência, esses meios dependem da consciência e, sem ela, não são nada. Duvidar da Consciência é assumir tacitamente sua validade. Kșemarāja, analisando o Śiva sūtra dessa forma, cita o seguinte exemplo de um antigo tratado para mostrar que a consciência se afirma no próprio esforço que faz para negar a si mesma:
“A energia consciente de Śiva é como um homem que se esforça para saltar com os pés sobre a sombra da sua cabeça, quando (a sombra) da sua cabeça já não está mais onde os seus pés pousaram”.2
(Extrait de Hermès I, p. 47)