SOL

René Guénon:
-*O SOL
-*A ARTÉRIA CORONÁRIA E O “RAIO SOLAR”
-*TERRA DO SOL
-*AS PORTAS SOLSTICIAIS
-*O SÍMBOLO SOLSTICIAL DE JANO
O CORAÇÃO IRRADIANTE E O CORAÇÃO ARDENTE

Frithjof Schuon:
-*O ESOTERISMO COMO PRINCÍPIO E COMO VIA
-**A manifestação divina à nossa volta e em nós mesmos prolonga e projeta o Princípio e com este se identifica precisamente sob o aspecto da qualidade divina imanente; o sol é realmente o Princípio percebido através dos véus existenciais; a água é, de fato, a Passividade universal percebida através desses mesmos véus.
-**Por exemplo, que uma forma não pode absolutamente ser única no seu gênero — assim como o sol que, representando intrinsecamente o centro único, não pode excluir a existência de outras estrelas fixas — é um axioma da Intelecção, mas tem a priori apenas um valor abstrato.
-**Do mesmo modo, a Virgem personifica nela mesma a Sabedoria informal, em virtude de ser a Mulher “vestida de sol” e a mãe da Revelação: ela é a Sabedoria sob seu aspecto de resplendor, portanto, de Beleza e de Misericórdia.
-**Como todo ser celeste, Maria manifesta o Véu universal em sua função de transmissão: é Véu porque é forma, mas é Essência por seu conteúdo e, consequentemente, por sua mensagem. É simultaneamente fechada e aberta, inviolável e generosa; está “vestida de sol” porque está vestida de Beleza, “esplendor da Verdade”. E é “negra mas bela”, porque o véu é simultaneamente impenetrável e transparente, ou porque, após ter sido fechado por causa da inviolabilidade, abre-se em virtude da misericórdia. A Virgem está “vestida de sol” porque, sendo Véu, é transparente: a Luz, que é ao mesmo tempo a Beleza, comunica-se com tal força que parece consumir o Véu e abolir o velamento, de modo que o Interior, que é a razão de ser da forma, parece, por assim dizer, envolver a forma, transubstanciando-a. “Quem ME viu, viu Deus”: esta fala, ou seu equivalente, encontra-se nos mais diversos mundos tradicionais e se aplica, também, principalmente à “divina Maria”, “vestida de sol” porque nele reabsorvida e como nele contida. Ver Deus, vendo o homem-teofania é, de certa forma, ver a Essência antes da forma: é receber a impressão do Conteúdo divino junto com a do continente humano, e “antes” deste, em razão da preeminência do divino. O véu tornou-se Luz, não há mais Véu.
-**Existe uma imagem particularmente concreta do ternário vedantino, o sol. O astro solar, como todas as estrelas fixas, é matéria, forma e resplandecência. A matéria, ou a massa-energia, revela Sat, o Ser-Poder; a forma equivale a Chit, a Consciência ou a Inteligência; a resplandecência corresponde a Ananda, a Bem-aventurança ou a Bondade. Aliás, a resplandecência comporta o calor e a luz, assim como Ananda participa simultaneamente de Sat e de Chit, o calor correspondendo à Bondade e a luz, à Beleza. A luz transporta para longe a imagem do sol, assim como a Beleza transmite a Verdade: “a Beleza é o esplendor da Verdade”. Segundo um simbolismo um tanto diferente e não menos plausível, o sol se apresenta à experiência humana como forma, luz e calor: Sat, Chit e Ananda. Neste caso, a substância se une à forma que revela o Poder fundamental, ao passo que a luz manifesta a Inteligência e o calor, a Bondade.

Luis Miguel Martínez Otero: O SOL



René Guénon