Antes da aparição de qualquer objeto a Consciência é como é.
Esta é a condição da Consciência não-manifesta previamente a nossa primeira experiência no útero, durante o sono profundo e durante numerosos momentos entre a desaparição de um objeto e a aparição do próximo.
Nada há a sugerir que isso não será a experiência da Consciência depois da última aparição do corpo na morte.
A Consciência não é localizada no tempo e no espaço. Ela esta prenhe com a integralidade do universo, incluindo tempo e espaço.
Dentro deste espaço vazio, luminoso, prenhe, vasto, objetos aparecem. Pensamentos, imagens, sensações e percepções aparecem.
Inicialmente o “eu sou” que é inerente à Consciência oferece-se a si mesmo igualmente a todas as aparições.
O “eu sou” se torna “eu sou isso” na presença das aparições.
A Consciência dá seu “sou” a todas as coisas.
O “Sou” do Si Mesmo é o É das coisas.
A Consciência é una com todas as aparições.
A Consciência conhece a si mesma enquanto todas as aparições.
Há Unicidade.
Em algum ponto, e esse momento é sempre agora, a Consciência começa a selecionar alguns objetos acima e além de outros.
Ao invés de permitir que tudo flua livremente através dela mesma, como a criadora, testemunha e substância de todas as aparições, ela foca sobre alguns objetos em favor de outros.
Unicidade parece separar a si mesma em “Sou” e “É”.
“Sou” se torna “eu” e “É” se torna “outro”.
A Consciência e o Ser parecem separar.
Eles parecem se tornas duas coisas.
A compreensão inata “eu sou todas as coisas” se torna a crença e o sentimento “eu sou algumas coisas e não outras”.
A fim de substanciar este novos status de separação, a Consciência concede sua “sempre-presentidade” a um pequeno grupo de sensações que compreendem o corpo.
O “eu sou” que se torna “eu sou isso”, “eu sou todas as coisas”, na presença das aparições, agora se torna “eu sou essa coisa particular”. “Eu sou alguma coisa”.
A Consciência concede sua identidade exclusivamente ao corpo.
Ela crê e sente, “eu sou o corpo”.
Esta crença é continuamente substanciada por um processo de seleção, por “eu gosto” e “eu não gosto”. “Eu quero” e “eu não quero”.
A Consciência foca sua atenção sobre certas aparições, sobre certos objetos, seja tentando apreendê-los ou tentando se livrar deles.
Uma rede de desejo e medo é tecida dentro do vasto espaço da Consciência, através da qual alguns objetos passam e na qual outros são emaranhados.
Este mecanismo de gostos e desgostos fragmenta a contínua totalidade da experiência em “eu” e “não eu”.
Os objetos que são pegos nesta rede se tornam a tecedura do si mesmo. Aqueles que passam através se tornam o mundo.
Desta maneira a crença e o sentimento “eu sou o corpo” é continuamente substanciado. Se torna denso, sólido, grudento, em camadas.
O retorno do “eu sou alguma coisa” ao “eu sou todas as coisas” é simplesmente o afrouxamento desta densa tecedura do si mesmo.
A vestimenta ajustadamente tecida de gostos e desgostos na qual o si mesmo está envolvido se torna menos apertada. Não é tão justamente tecida.
O espaço aberto da Consciência começa a conhecer a si mesmo de novo como um espaço acolhedor no qual todas as coisas são permitidas passar, conforme queiram, quando queiram, onde queiram.
A rede de desejos e medos é descosturada neste espaço acolhedor e cada vez menos e menos objetos são pegos nela.
No final é uma malha espaçada e o que permanece de sua densidade é tão permeada com espaço que não tem mais qualquer poder de separar qualquer coisa de qualquer coisa.
O corpo retorna a sua original transparência, abertura, disponibilidade, sensitividade aguda e amante, mas não se agarrando a nada.
A mente é liberada da tirania de um eu separado e se torna clara, vivaz e afável.
A beleza e a vibração do mundo é restaurada.