Não é apenas a linguagem humana que tem a marca visível da decadência. A queda do homem também levou à corrupção de nosso universo terreno. Baader escreve: “Assim como o homem, ao se tornar terreno, tornou-se o que não era e o que não deveria se tornar, ao se tornar terra, a própria terra tornou-se o que não era e o que não deveria ser” (Livro IV, § 5). Pois se o homem, a criatura inteligente, deve ser o “colaborador” de Deus, também deve ser o “único agente” com relação à natureza pela qual é responsável. Assim como a criatura, a natureza geme sob o peso da maldição e também aguarda a redenção. Ela também não é totalmente boa nem totalmente má. Nutre todas as criaturas que pereceriam sem ela, mas também pode destruí-las de vez em quando ao liberar o fogo vingativo. O homem precisa dela e ela precisa do homem, mas ele abusa dela em vez de protegê-la, a explora em vez de tratá-la com gentileza. A palavra “cultivo” já é significativa e se aplica tanto ao trabalho do “cultivador”, que cuida da terra e a “cultiva”, quanto ao homem que é igualmente “cultivado” e cujo espírito é fertilizado à imagem de uma terra à qual é confiada uma semente. E não é por acaso que a palavra “cultura”, rica em significado e com implicações tanto materiais quanto espirituais, está intimamente relacionada à palavra “culto”, que designa o ato religioso essencial. Dessa forma, parece indicar a atitude de devoção que o homem deve ter em relação à natureza, que também aspira à redenção.