Sutratma

ALMA — SUTRATMAN

René Guénon: LAÇOS E NÓS
Noção do sutratma: o laço, considerado então em toda sua extensão,1 une os estados, não só entre si, mas também, tornamos a dizer, ao seu próprio Princípio, de modo que, muito longe de ser ainda um entrave, torna-se ao contrário o meio pelo qual o ser pode reunir efetivamente o seu Princípio e o próprio caminho que o conduz a essa meta. Nesse caso, o fio ou a corda tem na verdade um valor “axial”, e a ascensão por uma corda estendida verticalmente pode, da mesma maneira que por uma árvore ou por um mastro, representar o processo de retorno ao Princípio.2 Por outro lado, a conexão com o Princípio por intermédio do sutratma está ilustrada de forma particularmente admirável pelas marionetes:3 uma marionete representa nesse caso o ser individual, e o operador que faz o movimento por meio do fio é o “Eu”. Sem esse fio, a marionete permaneceria inerte, do mesmo modo que, sem o sutratma, toda existência seria um puro nada e, segundo uma fórmula extremo-oriental, “todos os seres seriam vazios”.


  1. Bem entendido, essa extensão deve ser considerada como indefinida, embora jamais seja possível figurá-la com esse caráter. 

  2. É essa, na Índia, a verdadeira significação do que os viajantes denominaram “a prova da corda”, independentemente do que se possa pensar dela enquanto fenômeno “mágico” mais ou menos autêntico, pois isso não tem qualquer importância no que diz respeito ao seu caráter simbólico, que é o único que nos interessa. 

  3. Cf. A. K. Coomaraswamy, “Spiritual Paternity” and the “Puppet-complex”, em Psychiatry, ago. 1945 (v. nosso comentário na Études Traditionnelles, out.-nov. 1947). 

Índia e China