Jonas na baleia, ou Noé na arca, é o que indica de maneira muito clara a forma da letra árabe nun, constituída pela metade inferior de uma circunferência e por um ponto situado em seu centro. Ora, a semicircunferência inferior é também a representação da arca que flutua sobre as águas, e o ponto que se encontra no seu interior exprime o germe que está contido ou envolvido; a posição central desse ponto mostra ainda que se trata, na realidade, do “germe da imortalidade”, do “caroço” ou núcleo indestrutível que escapa a todas dissoluções exteriores. Pode-se notar ainda que a semicircunferência, com sua convexidade voltada para baixo, é um dos equivalentes esquemáticos do cálice. Assim como este, tem de algum modo o sentido de “matriz” na qual está encerrado esse germe ainda não desenvolvido e que, como veremos a seguir, identifica-se à metade inferior ou “terrestre” do “Ovo do Mundo”. Sob o aspecto do elemento “passivo” da transmutação espiritual, El-Hut (baleia) é também, de certa forma, a figura de toda individualidade, na medida em que esta traz o “germe da Imortalidade” em seu centro, que é representado simbolicamente como o coração. Podemos lembrar, a esse respeito, as estreitas relações, que já demonstramos em outras ocasiões, entre o simbolismo do coração, do cálice e do “Ovo do Mundo”. (Guénon)


A arca tem sido vista muitas vezes como uma das representações da Igreja, do mesmo modo que a barca (que foi antigamente, com as chaves, um dos emblemas de Jano); é, portanto, a mesma ideia que encontramos desse modo expressa ao mesmo tempo nos simbolismos hindu (Satyavatra) e cristão (Noé). (Guénon)

Lendas, René Guénon