Existe um parentesco evidente entre o simbolismo do vaso ou do cálice e o da fonte; entre os egípcios, o vaso era o hieróglifo do coração, centro vital do ser. (Guénon)
Outro símbolo que com frequência, equivale ao cálice (v. Graal) é um símbolo floral. A flor, com efeito, não evoca por sua forma a ideia de um “receptáculo”? E não se fala também do “cálice” de uma flor? No Oriente, a flor simbólica por excelência é o lótus; no Ocidente, em geral, é a rosa que desempenha o mesmo papel. Não pretendemos dizer, bem entendido, que seja esse o único significado da rosa ou do lótus, visto que, ao contrário, indicamos outro antes. No entanto, é o que pode ser facilmente visto no desenho ornamental do cânon do altar da abadia de Fontevrault, em que a rosa está colocada ao pé de uma lança, ao longo da qual caem gotas de sangue. A rosa aparece aí associada a uma lança, exatamente como o cálice em outras situações, e mais parece recolher as gotas de sangue que resultar da transformação de uma delas. Mas, afinal, as duas significações completam-se, ainda mais porque não se opõem, pois as gotas, ao caírem sobre a rosa, fazem com que ela vivifique e desabroche. É o “orvalho (ou rocio) celeste”, de acordo com a imagem tão frequentemente empregada com relação à ideia da Redenção, ou às ideias correlatas de regeneração e ressurreição. Esse assunto exigiria ainda longas explicações, mesmo que nos limitássemos a ressaltar apenas a concordância das diferentes tradições a respeito desse símbolo. (Guénon)