É evidente que o papel de defensor, para falar na linguagem da tradição hindu é uma função dos chátrias, e, na verdade, toda iniciação “cavaleiresca” está essencialmente adaptada à natureza própria dos homens que pertencem à casta guerreira, ou seja, dos chátrias. Vêm daí as características especiais dessa iniciação, o simbolismo particular que adota e, principalmente, a intervenção de um elemento afetivo, designado explicitamente pelo termo “Amor”. Já nos detivemos o suficiente neste assunto para não precisarmos insistir sobre ele. Existe porém, no caso dos Templários, mais uma coisa para considerar: ainda que sua iniciação tenha sido essencialmente “cavaleiresca”, tal como convinha à sua natureza e função, eles tinham um duplo caráter, ao mesmo tempo militar e religioso. E devia ser assim mesmo, pois eles estavam, como temos muitas razões para acreditar, entre os “guardiões” do Centro Supremo, onde a autoridade espiritual e o poder temporal estão reunidos em seu princípio comum, comunicando a marca dessa reunião a tudo o que lhe está diretamente ligado.
No mundo ocidental, em que o espiritual assume a forma especificamente religiosa, os verdadeiros “guardiões da Terra Santa”, na medida em que tiveram uma existência de certo modo “oficial”, deviam ser cavaleiros, mas cavaleiros que, ao mesmo tempo, seriam monges. E, de fato, os Templários foram exatamente isso. (Guénon)