Com algumas variações, encontramos o mesmo padrão em todo o Sudeste asiático. Sião estava dividida em quatro províncias com a capital no centro, e, no centro da cidade, erguia-se o palácio real. O país era, assim, uma imagem do mundo; porque, de acordo com a cosmologia siamesa, o universo era um quadrilátero com o Monte Meru no centro. Bangkok é chamada “a cidade real dos deuses”; “a idade dos Deuses”, e daí por diante. O rei, situado no centro do mundo, era um cakravartin, um regente cósmico. Da mesma forma, em Burma, a cidade de Mandalai foi construída, em 1857, de acordo com a cosmologia tradicional, ou seja, como uma imago mundi – quadrangular e tendo o palácio real no centro. Encontra-se, na China, o mesmo padrão cosmológico e a mesma correlação entre o cosmos, o estado, a cidade e o palácio real. Concebia-se o mundo como um retângulo, em cujo centro estava a China; nos quatro horizontes estavam situados os quatro mares, as quatro montanhas sagradas e as quatro nações bárbaras. O plano de construção da cidade obedecia à forma de um quadrilátero, com três portões de cada lado e com o palácio real no centro, semelhante à Estrela Polar. A partir desse centro, o soberano perfeito podia influenciar todo o universo. (Eliade)