(v. diabo)
No pensamento grego, os demônios são seres divinos ou semelhantes aos deuses por um certo poder. O daimon de qualquer um foi, assim, identificado % vontade divina e, em consequência, ao destino do homem. Depois, a palavra passou a designar os deuses inferiores, e, por fim, os espíritos maus.
Segundo uma outra linha de interpretação, os demônios eram as almas dos defuntos, gênios tutelares ou temíveis, intermediários entre os deuses Imortais e os homens, vivos porém mortais. Um gênio estava ligado a todo homem e desempenhava o papel de conselheiro secreto, agindo por intuições súbitas mais do que por raciocínio. Eram como que a sua inspiração interior.
O demônio simboliza uma iluminação superior às normas habituais, permitindo ver mais longe e com mais segurança, de modo irredutível aos argumentos. Autoriza, mesmo, a violar as regras da razão em nome de uma luz transcendente, que é não só da ordem do conhecimento, mas também da ordem do destino.
Para muitas populações primitivas, ao contrário do demônio interior, que é como que o símbolo de um elo particular entre o homem e uma consciência superior, representando, talvez, o papel de anjo da guarda, os demônios são seres distintos e inumeráveis, turbilhonando por toda parte, para o melhor e para o pior. Para essas populações, tais como, por exemplo, as da Indonésia, o universo é povoado de seres visíveis e Invisíveis: plantas animadas, espíritos de animais que se tornam humanos ou de homens que se tornaram animais, demônios que ocupam as sete profundezas do mundo subterrâneo, deuses e ninfas que ocupam os sete céus superpostos, todos em comunicação uns com os outros através dos sete andares do mundo dos homens e também através do homem, microcosmo no macrocosmo, todos confundidos também numa unidade movente e polimorfa.
Para a demonologia cristã, segundo Dionísio o Areopagita, os demônios são anjos que traíram a própria natureza, mas que não são maus, nem por sua origem, nem por sua natureza. Se eles fossem naturalmente maus, não procederiam do Bem nem seriam contados entre os seres; e mais: como se teriam separado dos anjos bons se a sua natureza fosse má desde toda a eternidade?. . . A raça dos demônios não é, pois, perversa no que se conforma à sua natureza mas sim naquilo em que não se conforma. Eles se revelam Inimigos de toda natureza, antagonistas do ser. (DS)