A estrutura vertical de um edifício em forma de domo, como observa Coomaraswamy, em seu conjunto deve ser considerado em relação a um eixo central. Evidentemente é esse o caso de uma cabana, cujo teto em forma de domo está suportado por um poste que liga o topo do teto ao solo, e também o de certos stupas (v. estupa), em que o eixo está figurado no interior, prolongando-se às vezes até mesmo acima do domo. No entanto, não é necessário que esse eixo, que representa o “Eixo do Mundo” esteja sempre presente de modo material. O que importa é que o centro do solo ocupado pelo edifício, isto é o ponto situado diretamente sob o topo do domo, seja sempre virtualmente identificado ao “Centro do Mundo”. Este, com efeito, não é um “lugar” no sentido transcendente e primordial, e, em consequência, pode realizar-se em todo “centro” regularmente estabelecido e consagrado, donde a necessidade de ritos que fazem da construção do edifício uma verdadeira imitação da própria formação do mundo. Esse ponto é portanto um verdadeiro omphalos (nabhih prithivyah (sânscrito: “umbigo da terra”) em inúmeros casos é aí que está colocado o altar ou o lar, quer se trate de um templo ou de uma casa. (…) Quando se executa uma abertura no topo do domo, é por aí que escapa a fumaça que se eleva do lar. E isso ainda, longe ter apenas uma razão puramente utilitária como poderiam imaginar os modernos, tem ao contrário um sentido simbólico muito profundo, que passaremos agora a examinar, precisando também a significação exata do topo do domo nas ordens macrocósmica e microcósmica. (Guénon)
Por vezes o próprio domo pode inexistir na construção, sem que, no entanto, o sentido simbólico seja alterado. Podemos nos referir ao tipo tradicional de uma casa disposta em quadrado em torno de um pátio interior; a parte central fica então a céu aberto, mas nesse caso é a própria abóbada celeste que desempenha o papel de um domo natural. (Guénon)