Os exteriores das primeiras igrejas cristãs são simples, o que pode gerar a falsa impressão de que a escultura não desempenhou qualquer papel na arte cristã da época. Isso, porém, está longe de ser verdade, pois mesmo que a decoração estivesse confinada aos capitéis do interior (e, com frequência, eles eram spolia de templos pagãos), o sarcófago esculpido ainda era muito usado. Atualmente existem poucas esculturas figurativas da Bizâncio dos primeiros séculos, por causa de sua destruição durante a controvérsia iconoclasta (726-843). A conversão de igrejas em mesquitas, após a queda de Bizâncio (1453), infligiu também enormes perdas; por isso o conhecimento sobre a escultura bizantina está limitado à ornamentação não-religiosa, com predomínio de capitéis, frisos e painéis.
No Ocidente, a escultura do período pré-carolíngio tinha passado por espetaculares mudanças desde os tempos romanos. Tornara-se cada vez mais bidimensional, tendendo para a escultura em relevo com muito pouca profundidade. Como não existia ninguém no seu Império que pudesse realizar tais obras, Carlos Magno usou na capela de seu palácio de Aix-la-Chapelle capitéis romanos levados da Itália, e uma estátua equestre de Teodorico que estava em Ravena foi instalada como um monumento a ele próprio no pátio-de-armas do palácio. Muitas esculturas da época eram em estuque, uma técnica largamente usada pelos romanos. Documentos mencionam relevos narrativos em Centula (Saint-Riquier) e fragmentos de decoração em estuque sobrevivem em Germigny-des-Prés. Em Cividale, no norte da Itália, sobrevive um impressionante grupo de santas de estuque em tamanho natural (início do século IX) e que testemunha a alta qualidade desse tipo de escultura durante a Renascença Carolíngia. As esculturas do século IX na Espanha e, sobretudo, na Grã-Bretanha (cruzes de Ruthwell e Bewcastle, friso de Breedon-on-Hill) podem ser associadas, em parte, à Renascença Carolíngia.
Os vikings pagãos, que contribuíram de forma tão selvática para a queda do Império Carolíngio e de sua vigorosa arte, foram eles próprios patrocinadores de requintadas esculturas em madeira que empregavam intricados motivos animais para decorar objetos cerimoniais, como os encontrados no barco funerário de Oseberg, por exemplo. Com os povoados vikings nas Ilhas Britânicas, esse tipo de arte foi transmitido à Inglaterra e à Irlanda, e tornou-se uma das fontes para a arte cristã dos países escandinavos.
Os escultores otonianos produziram algumas notáveis imagens de culto (a Madonna de Essen e a Cruz de Gero, em Colônia, ambas do final do século X), as quais combinam um naturalismo herdado da arte clássica com uma estilização geométrica de formas, levando diretamente ao nascimento do românico. Este estilo estava estreitamente ligado à arquitetura e servia para enriquecê-la, com a escultura aplicada em determinados elementos, primeiro os capitéis, depois os portais, mísulas, frisos e, ocasionalmente, fachadas inteiras. A escultura românica da Itália e França estava na vanguarda desse desenvolvimento, com a Espanha, Portugal, Alemanha e Inglaterra seguindo-lhes em breve o exemplo. No século XII, toda a Europa que reconhecia a autoridade papal empregava formas de arte românica, a qual, em casos isolados, penetrou até em países ortodoxos como a Sérvia e a Rússia. Desnecessário acrescentar que a escultura românica floresceu no reino cruzado.
Embora alguns capitéis românicos esculpidos sejam obras-primas (por exemplo, em Cluny, Silos, Moissac, Abadia de Hyde, Winchester), a glória da escultura românica encontra-se nos gigantescos tímpanos de Moissac, Autin e Vézelay e no friso de Wiligelmo na fachada da catedral de Modena. Durante esse período de grande atividade artística, inspirada por genuína devoção, muitas obras de notável qualidade foram criadas e é possível distinguir numerosas escolas regionais de escultura (por exemplo, na Borgonha, Aquitânia, Normandia, Lombardia, Toscana, Apúlia, Herefordshire, Yorkshire e Kent).
A escultura românica favoreceu as formas abstratas, e as figuras humanas eram usadas de maneira totalmente arbitrária; o tamanho de cada uma, por exemplo, dependia muitas vezes de sua importância, sendo o Cristo sempre maior do que os Apóstolos. Era a arte de uma fé ingênua e estava dominada pelo medo da condenação eterna, descrita com tanta intensidade em numerosos tímpanos.
Enquanto a arquitetura românica era suplantada pelo gótico em Saint-Denis, na escultura houve um período de cerca de 50 anos (1170-1220) em que o estilo se tornou mais naturalista. Isso foi devido em grande parte à influência da arte mosana. Os grandes portais das catedrais de Senlis, Laon, Chartres e Reims são os melhores exemplos desse novo estilo, por vezes chamado “de transição”.
A escultura gótica emergiu desse estilo no primeiro quartel do século XIII, e a oficina responsável pela escultura da fachada da catedral de Notre-Dame em Paris foi a primeira a substituir o suave naturalismo do estilo de transição e seus drapeados graciosamente fluentes, por faces, gestos e panejamentos mais expressivos. As estátuas da Sainte-Chapelle (1243-48) são consubstanciações do novo estilo que, através dos marfins produzidos em massa em Paris nessa época, não tardaria em ser transmitido a toda a Europa.
A figura-coluna, ou seja, uma estátua ligada a uma coluna — criação característica dos portais do gótico primitivo na França, iniciada com Saint-Denis, que inspiraria depois obras similares — perdeu gradualmente sua influência e, em fins do século XIII, a figura já estava destacada da coluna e, finalmente, dispensou todo suporte externo. 0 portal do grande escultor holandês Claus Sluter na Cartuxa de Champmol (década de 1390), o mausoléu de Filipe II, o Intrépido, duque de Borgonha, são momentos culminantes nessa tendência, pois as figuras dramáticas, umas ajoelhadas, outras em pé, são como atores num palco e independentes de seu cenário arquitetural.
O século XIV assistiu ao nascimento do retrato na escultura tumular. Até então, as efígies eram, por via de regra, imagens idealizadas, sem a menor relação com o verdadeiro aspecto físico do morto. O recurso a máscaras mortuárias em cera ou gesso resultou em retratos mais fiéis dos rostos em efígies.
Durante o século XV, os Países Baixos e a Alemanha produziram um certo número de notáveis mestres, trabalhando em pedra, madeira e bronze: Hans Multscher, Nikolaus Gerhaert, Michael Pacher, Tilman Riemenschneider e Veit Stoss, para citar alguns.
Tal como na arquitetura gótica, também na escultura a contribuição italiana foi muito independente, e é mais apropriado, portanto, considerá-la em relação mais com o nascimento da arte da Renascença do que com o gótico. (DIM)