exterior


O homem experimenta duas atrações, a do mundo exterior e a do centro interior. Atraído em direção ao exterior, se funde na concupiscência e a inquietude; atraído em direção ao interior, encontra a certeza e a paz.

Para o homem, a exterioridade é um direito, e a interioridade um dever. Temos direito à exterioridade na medida em que somos homens, ou porque somos homens; e devemos realizar a interioridade – ou seja viver em direção ao interior – porque nossa substância espiritual não é deste mundo; nem nosso destino, por conseguinte.

O exterior é a dimensão dos acidentes; o interior, a da substância. Ou dito de outro modo: o exterior é a dimensão das formas; o interior a da essência.

Quando o homem tiver realizado o equilíbrio entre o interior e o exterior, este já não equivale à concupiscência e à inquietude; em certo modo é interiorizado, seus conteúdos são transparentes. É ver a substância nos acidentes, ou a essência nas formas.

Quando nos retiramos em direção ao interior, este, se manifestará para nós no exterior. A nobreza da alma é ter o sentido dos arquétipos.


Há um homem exterior e um homem interior; o primeiro vive no mundo e experimenta sua influência, enquanto que o segundo olha em direção a Deus e vive da oração. Agora bem, é necessário que o primeiro não se afirme em detrimento do segundo; é o inverso o que deve ter lugar. Ao invés de enfatuar o homem exterior e deixar morrer o homem interior, há que deixar expandir-se o homem interior e confiar os cuidados do exterior a Deus.

Quem diz homem exterior diz preocupações do mundo, ou inclusive mundanidade; existe, com efeito, em todo homem a tendência a apegar-se demasiado a tal ou qual elemento da vida passageira, ou de preocupar-se demasiado por ele, e o adversário se aproveita dele para nos causar perturbações. Existe também o desejo de ser mais feliz do que se é, ou o desejo de não sofrer injustiças inclusive anódinas, ou o desejo de compreendê-lo todo sempre, ou o desejo de não sofrer nunca uma decepção; tudo isto é mundanalidade sutil, à qual há que responder com o desapego sereno, com a certeza principial e inicial dO único que importa, e depois com a paciência e a confiança. Quando não vem nenhuma ajuda do Céu é porque se trata de uma dificuldade que podemos resolver com os meios que o Céu pôs a nossa disposição. De uma maneira absoluta, há que encontrar a felicidade na oração, quer dizer, há que encontrar nela suficiente felicidade como para não deixar-nos turbar em excesso pelas coisas do mundo, tanto mais quanto as dissonâncias não podem deixar de ser, sendo o mundo o que é. (Schuon PP)

Frithjof Schuon