O simbolismo do fio apresenta múltiplos aspectos cuja significação essencial e verdadeiramente metafísica é sempre a representação do sutratma, que, tanto do ponto de vista macrocósmico quanto microcósmico, liga todos os estados de existência entre si e ao seu Princípio. Por outro lado, pouco importa que nas diferentes figurações originadas por esse simbolismo trate-se de um fio propriamente dito, de uma corda ou de uma corrente, ou de um traçado gráfico como o que assinalamos anteriormente, ou ainda de um caminho realizado por processos arquitetônicos como no caso dos labirintos, caminho este que um ser está sujeito a percorrer de um extremo ao outro para alcançar sua meta. O essencial em todos os casos é que sempre se trata de uma linha que não apresenta qualquer solução de continuidade. O traçado dessa linha pode ser mais ou menos complicado, o que corresponde em geral às modalidades ou às aplicações mais particulares de seu simbolismo geral; assim, o fio ou seu equivalente pode-se dobrar muitas vezes sobre si mesmo de modo a formar entrelaçamentos ou nós. E, na estrutura do conjunto, cada um desses nós representa o ponto em que agem as forças determinantes da condensação e da coesão de um “agregado” que corresponde a um ou outro estado de manifestação, de maneira que se poderia afirmar que é esse nó que mantém o ser no estado considerado e que sua solução provoca imediatamente a morte desse estado. Aliás, é o que exprime de forma muito clara a expressão “nó vital”. Naturalmente, o fato de os nós se referirem a diferentes estados e estarem todos representados ao mesmo tempo e de uma forma permanente no traçado simbólico não deve ser visto como uma objeção ao que acabamos de dizer, pois, além de ser evidentemente imposto pelas condições técnicas da própria figuração, corresponde na realidade ao ponto de vista em que todos os estados são considerados em simultaneidade, ponto de vista este sempre mais primordial que o da sucessão. Podemos observar que, a esse respeito, no simbolismo da tecelagem que estudamos em outra ocasião, os pontos de cruzamento dos fios da urdidura e da trama, mediante os quais se forma o tecido como um todo, têm ainda uma significação similar, na medida em que constituem, de algum modo, as “linhas de força” que definem a estrutura do Cosmo. [Guénon]

Simbolismo