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Frithjof Schuon
Se fala muito das ilusões sutis e das seduções que apartam o peregrino espiritual da via reta e provocam sua queda. Pois bem, estas ilusões não podem seduzir a não ser àquele que deseja algum proveito para si mesmo, tal como poderes ou dignidades ou glória, ou que deseja gozos interiores ou visões celestiais ou vozes, e assim sucessivamente, ou um conhecimento tangível de mistérios divinos. [Schuon PP]
Heinrich Zimmer
O meio necessário que o estudante deve empregar para transcender a ilusão é, antes de tudo, a “discriminação entre as coisas permanentes e as transitórias” (nitya-anitya-vastu-viveka). Está escrito: “Somente Brahman é a substância permanente, tudo o mais é transitório”. A totalidade dos objetos deste mundo que são agradáveis aos sentidos: as grinaldas de flores, os perfumes, as mulheres bonitas, os prazeres de todo tipo, são meramente transitórios, chegam como resultado de nossas ações (karman). Mas os prazeres do mundo vindouro também são o resultado de nossos atos e, portanto, efêmeros.
O segundo requisito para o estudante do Vedanta é o inabalável menosprezo por toda e qualquer ilusão, uma vez que esta tenha sido reconhecida como tal. Ele deve renunciar, sincera e eficientemente, a todo fruto possível de seus atos virtuosos. Esta é a verdadeira renúncia: ihamutrarthaphalabhogaviragah, “indiferença (viragah) ao gozo (bhoga) dos frutos (phala) da ação (artha) tanto aqui (iha) como no além (amutra)”. [Zimmer]
René Guénon
O medo constante (e, é preciso dizer, em certa medida muito justificável) que tem a maior parte dos místicos de ser enganada pelo diabo, mostra com toda clareza que não ultrapassaram o domínio psíquico, pois, como já explicamos em outra parte, o diabo só pode ter influência direta sobre o psíquico (e a partir daí, de modo indireto sobre o domínio corporal), e tudo o que na realidade pertence à ordem espiritual encontra-se, pela sua própria natureza, absolutamente fechado para ele. [Guénon]