Pela teoria do “inconsciente coletivo”, acredita-se poder explicar o fato de que o símbolo seja “anterior ao pensamento individual” e que o ultrapasse. Mas a verdadeira questão, que não chega a ser colocada, seria saber em que direção ele o ultrapassa: se é para baixo, como parece indicar esse apelo ao pretenso “inconsciente”, ou se é, ao contrário, para o alto, como afirmam expressamente todas as doutrinas tradicionais. Destacamos num artigo recente uma frase em que essa confusão aparece do modo mais claro possível: “A interpretação dos símbolos… é a porta aberta para o Grande Todo, ou seja, o caminho que conduz à luz total, através do labirinto dos fundos obscuros da nossa individualidade.” Infelizmente, a possibilidade maior consiste em se extraviar nesses “fundos obscuros” e chegar-se a uma coisa muito diferente da “luz total”. Assinalemos, também, o perigoso equívoco do “Grande Todo”, que, do mesmo modo que a “consciência cósmica”, em que alguns aspiram fundir-se, nada mais pode ser aí do que o psiquismo difuso das regiões mais inferiores do mundo sutil. É assim que a interpretação psicanalítica dos símbolos e a interpretação tradicional conduzem, na realidade, a fins diametralmente opostos. (Guénon)