Independente do que se pense das conclusões de Lévi-Strauss, não se pode deixar de reconhecer os méritos de seu trabalho. Eu, pessoalmente, o considero importante, basicamente pelas seguintes razões:
1) Embora antropólogo por treino e profissão, ele é fundamentalmente um filósofo e não tem medo de ideias, teorias e linguagem teórica; consequentemente, ele força os antropólogos a pensar, e pensar muito. Para o antropólogo de mentalidade empírica, essa é uma calamidade real, mas o historiador das religiões não pode deixar de regozijar-se com o nível altamente teórico que Lévi-Strauss adota para discutir o seu assim chamado material primitivo.
2) Mesmo que não se aceite a abordagem estrutural in toto, a crítica feita por LéviStrauss ao historicismo antropológico é muito oportuna. Muito tempo e energia foram gastos por antropólogos tentando reconstruir a história das culturas primitivas, e muito pouco foi empregado na compreensão de seu significado.
3) Finalmente, Lévi-Strauss é um autor excelente; seu Tristes Tópicos é um grande livro, na minha opinião, seu trabalho mais importante. Além disso, Lévi-Strauss é o que eu chamaria de “um moderno enciclopedista”, no sentido em que ele está familiarizado com um grande número de descobertas, criações e técnicas modernas, por exemplo, a Cibernética e a Teoria da Comunicação, marxismo, Linguística, arte abstrata e Béla Bartók, música dodecafônica e a “nouvelle vague” do romance francês, etc. (Eliade)