Os maias, que possuem uma escrita hieroglífica parcialmente decifrada e um calendário complexo e preciso, para o qual é agora possível estabelecer uma equivalência no calendário gregoriano, são os herdeiros culturais dos Olmecas, cuja civilização havia surgido em 1200 a. C. Os vestígios mais antigos dos Maias remontam só aos anos 200-300 d. C; eles desaparecem pouco depois devido a uma invasão militar vinda de Teotiguacão (hoje o México), mas reaparecem logo a seguir e atingem o seu apogeu nas condições geofísicas muito favoráveis da floresta tropical. Por volta de 750 d. C, surgem quatro importantes centros urbanos (Tikal, Copan, Palenque e Calakmul) à volta das quais gravita um grande número de cidades secundárias e vilas; mas a existência de um Estado maia centralizado é improvável.
Por razões desconhecidas, das quais as mais plausíveis são a invasão e a guerra religiosa, entre 800 e 900 a população deixava as cidades, abandonando os magníficos monumentos à selva. Após esta catástrofe, a cultura maia concentrou-se na semi-ilha de Iucatão, onde um grande número de centros urbanos surgiu entre 900 e 1200 d. C.
Entre eles, Chichén Itzá parece ter sido conquistado pelos Toltecas de Tollán (precursores dos Astecas), tornando-se um dos seus polos de expansão. Segundo a lenda, foi o próprio herói mítico Quetzalcoatl-Kukulkán (Serpente de Plumas de Quetzal) quem, em 987, conduziu os exilados de Tollán (Tula, no Norte do México), então invadido pelas forças do deus destruidor Espelho Fumegante (Tezcatlipoca), até Iucatão e fundou Chichén Itzá. Abandonada por volta de 1200, Chichén Itzá transmite todo o seu esplendor à cidade de Mayapán, perto de Merida, ela mesma destruída cerca de 1441. Na altura em que os invasores espanhóis desembarcavam na América Central, a civilização maia encontrava-se em declínio. Na Primavera de 1517, com a aproximação dos galeões negros de uma potência desconhecida, os habitantes do Iucatão lembravam as antigas profecias sobre o regresso de Tezcatlipoca: «Nesse dia o declínio começava…»
Alguns grupos dispersos escapavam à aculturação forçada; eles surgirão após a Segunda Guerra Mundial, na selva de Chiapas, à volta de extraordinários templos abandonados. Hoje, mais de dois milhões de descendentes dos antigos Maias vivem na América Central: os Iucatecas, os Choles, os Chontales, os Lacandones, os Tsoltsiles, os Tseltales, os Tojolabales, os Quichés, os Caxíqueles, os Tsutuíles, etc, falando uma trintena de línguas todas elas muito diferentes. Eles são sempre os depositários de rituais sagrados dado que, apesar de bons católicos desde há quatrocentos anos, nunca deixaram de os praticar. (Eliade e Couliano)