Cabasilas, Nicolau (1320-1390)
Nasceu em Tessalônica. Teólogo ortodoxo leigo, representante da tradição teológica e litúrgica bizantina.
Desenvolveu uma atividade política em diversas missões diplomáticas. Na guerra civil motivada pelas lutas teológicas entre o imperador João V Paleologo e João VI Cantacuceno, Cabasilas pôs-se ao lado deste último, mantendo uma postura conciliadora e tradicional. Isso não foi obstáculo para que se alinhasse ao lado de São Gregório Palamas (1296-1359) na defesa da hesíquia ou mística da contemplação de quietude.
Nicolau Cabasilas passou à história do pensamento e da espiritualidade ortodoxa e cristã principalmente por duas obras: 1) Comentário sobre a divina liturgia, um dos comentários ou exposições mais brilhantes da teologia sacramental cristã. 2) A vida em Cristo, sem dúvida a obra ascético-mística mais conhecida e mais importante de N. Cabasilas. Apresenta um programa de iniciação tanto na oração individual quanto litúrgica e sacramental. Um livro profundo, ditado por quem viveu, na fonte dos sacramentos, a vida em Cristo. No fundo aparece a sua doutrina da hesíquia, essa vida de quietude na qual nos vamos transformando em Cristo e desaparecendo nele.
Não termina aqui a obra de N. Cabasilas. Seus outros tratados e compromissos políticos e sociais demonstram uma consciência social muito sensível com as desigualdades econômicas e institucionais ao seu redor (Constantinopla). O alto nível intelectual de suas conferências e sermões, assim como a fineza de sua poesia religiosa, mereceram-lhe uma aceitação geral entre os cristãos do Oriente e Ocidente. (Santidrián)
… um dos mais audaciosos teólogos depois de Palamas foi um leigo, Nicolau Cabasilas (1320/25-1371), alto funcionário na administração bizantina. Cabasilas não apenas inaugura brilhantemente uma tradição que se perpetuou em todos os povos ortodoxos, como também considera o leigo como superior ao monge; o modelo deste último é a vida angélica, ao passo que o leigo é um homem completo. É, aliás, para os leigos que escrevia Nicolau Cabasilas, para que eles tomassem consciência da dimensão profunda de sua experiência cristã, e, antes de tudo, do mistério dos sacramentos. (Eliade)